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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Objetivo seria levar em conta reservas da França e da Rússia, que têm poder de veto, para obter adoção do texto

EUA devem mudar resolução sobre Iraque

DA REDAÇÃO

Nos próximos dias, os EUA deverão apresentar um novo projeto de resolução sobre o Iraque aos outros 14 membros do Conselho de Segurança da ONU, segundo o diário espanhol "El País". O novo projeto levaria em conta reservas, expressas por vários membros do CS (principalmente pela França, pela Rússia e pela Síria), relacionadas à criação de uma força internacional e à entrega do poder político aos iraquianos.
De acordo com relatos da mídia internacional, funcionários graduados da administração americana já admitiram essa possibilidade. Como Washington deverá apresentar seu novo texto antes do encontro de sábado, em Berlim, que reunirá os líderes políticos da Alemanha, da França e do Reino Unido, o projeto estará no centro das discussões.
Abrindo caminho para que a ONU tenha um papel mais importante na reconstrução do Iraque, a intenção do governo dos EUA é obter a aprovação de um texto que motive outros países a enviar soldados ao Iraque ou a ajudar a financiar sua reconstrução. Esta vem se revelando mais custosa que era previsto.
O presidente George W. Bush encontrou-se com o secretário de Estado, Colin Powell, com o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e com seus assessores que lidam com temas relacionados à segurança. Bush faz discurso na Assembléia Geral da ONU na próxima semana e espera que o novo texto seja adotado antes disso.
Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, também deu a entender que deverão ser feitas alterações no projeto de resolução americano. Elas seriam feitas para pôr fim à forte oposição de alguns membros do CS ao texto atual.
"Ouvimos as preocupações de outras nações. Vamos levá-las em consideração e levaremos nossa posição às nações que tinham problemas com o texto original", disse McClellan.
A França e a Alemanha exigem que a transferência de poder aos iraquianos ocorra rapidamente, já que pensam que o Iraque só terá alguma estabilidade quando for governado por seus próprios políticos, não pela coalizão anglo-americana. O Conselho de Governo Iraquiano, que já existe, é subordinado à Autoridade Provisória da Coalizão, cujo chefe é o diplomata americano Paul Bremer.
Paris também exige sejam realizadas eleições gerais no Iraque em cerca de seis meses. Os EUA acreditam que uma rápida entrega do poder aos iraquianos venha a provocar uma situação caótica.
Segundo o jornal "El País", o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que intensificou seus esforços de mediação nos últimos dias, propôs a criação de um governo de transição iraquiano soberano. Isso permitiria mudar a lógica da ocupação e passar gradualmente uma série de tarefas à ONU. Esta auxiliaria as autoridades iraquianas em suas ações.
Já a Rússia e a China -que, como os EUA, a França e o Reino Unido, têm poder de veto no CS- gostariam de ver ampliada a autoridade da ONU no Iraque. No texto original do projeto de resolução americano, Washington concordava em dar um papel mais importante à ONU, no entanto exigia que o comando das operações continuasse a cargo dos americanos.
Mesmo com as concessões que os americanos se dizem prontos a fazer, Washington se prepara para participar de "duras" negociações. "O debate será complicado, pois há muitas diferenças a serem resolvidas", afirmou um diplomata ocidental.


Com agências internacionais e o "El País"


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