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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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JUSTIÇA

Juiz espanhol, famoso pelo caso contra Pinochet, quer julgar o terrorista mais procurado do mundo

Garzón acusa Bin Laden e pede sua extradição

DANIEL FLYNN
DA REUTERS, EM MADRI

O juiz espanhol Baltasar Garzón acusou ontem formalmente 35 pessoas, entre eles o líder terrorista saudita Osama bin Laden, de participação nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA e de outros atos relacionados à rede Al Qaeda.
Como parte de sua investigação de uma célula espanhola da Al Qaeda, Garzón pediu à Interpol a prisão de Bin Laden e sua extradição para a Espanha, onde, afirma, a conspiração para os atentados teria sido parcialmente criada.
Os EUA caçam Bin Laden, sem sucesso, desde antes dos ataques -o líder da Al Qaeda é acusado de ter planejado outras ações contra os americanos.
Numa sentença exaustiva que fornece detalhes sobre dezenas de conversas telefônicas gravadas, o juiz acusou 33 dos homens de integrar a Al Qaeda e dois de cooperar com a rede.
As acusações, que não são iguais para todos os indiciados, variam desde sonegação de impostos, falsificação de documentos e fraude até posse de armas ilegais e assassinatos, incluindo a determinação da data e do modo de operação dos sequestros dos aviões que serviram para o 11 de Setembro.
"Os ataques foram parcialmente planejados na Espanha, onde vários dos acusados desempenharam papel ativo e vital", diz a decisão de Garzón.
O juiz emitiu nova ordem de prisão contra 11 suspeitos que já estavam detidos na Espanha sob acusação de integrar a Al Qaeda. Entre eles figuram Tayseer Alouni, correspondente da Al Jazira que entrevistou Bin Laden pouco depois do 11 de Setembro, e Abu Dahdah, suposto chefe da célula da Al Qaeda na Espanha.

Ultraje entre árabes
O juiz, que se tornou internacionalmente conhecido por sua tentativa fracassada de julgar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, manteve seis outros acusados em liberdade condicional sob fiança e disse que vai decidir em data futura sobre os últimos dois.
Sua investigação sobre a Al Qaeda atraiu a atenção com a prisão de Alouni, que provocou ultraje entre grupos árabes de direitos humanos, jornalistas e colegas de Alouni na Al Jazira, que afirmou que sua prisão foi um atentado contra a liberdade de imprensa.
Nascido na Síria, Alouni tem cidadania espanhola e se encontra preso sem direito a fiança enquanto aguarda julgamento.
Ele é acusado de fazer parte da Al Qaeda desde 1995 e de ter continuado a integrar a rede depois que começou a trabalhar para a Al Jazira, em 2000, aproveitando o fato de ter sido enviado ao Afeganistão para distribuir dinheiro para a rede militante islâmica. Garzón não o acusou de participação ativa no 11 de Setembro nem de envolvimento com mortes.
"A decisão do juiz foi muito exaustiva com relação aos outros acusados, mas quase não menciona meu cliente", disse o advogado do jornalista, Manuel de Prado. "Esse fato vem embasar a teoria da defesa de que não existem provas cabais de seu envolvimento", afirmou.


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