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JUSTIÇA
Juiz espanhol, famoso pelo caso contra Pinochet, quer julgar o terrorista mais procurado do mundo
Garzón acusa Bin Laden e pede sua extradição
DANIEL FLYNN
DA REUTERS, EM MADRI
O juiz espanhol Baltasar Garzón
acusou ontem formalmente 35
pessoas, entre eles o líder terrorista saudita Osama bin Laden, de
participação nos atentados de 11
de setembro de 2001 nos EUA e de
outros atos relacionados à rede Al
Qaeda.
Como parte de sua investigação
de uma célula espanhola da Al
Qaeda, Garzón pediu à Interpol a
prisão de Bin Laden e sua extradição para a Espanha, onde, afirma,
a conspiração para os atentados
teria sido parcialmente criada.
Os EUA caçam Bin Laden, sem
sucesso, desde antes dos ataques
-o líder da Al Qaeda é acusado
de ter planejado outras ações contra os americanos.
Numa sentença exaustiva que
fornece detalhes sobre dezenas de
conversas telefônicas gravadas, o
juiz acusou 33 dos homens de integrar a Al Qaeda e dois de cooperar com a rede.
As acusações, que não são iguais
para todos os indiciados, variam
desde sonegação de impostos, falsificação de documentos e fraude
até posse de armas ilegais e assassinatos, incluindo a determinação
da data e do modo de operação
dos sequestros dos aviões que serviram para o 11 de Setembro.
"Os ataques foram parcialmente planejados na Espanha, onde
vários dos acusados desempenharam papel ativo e vital", diz a
decisão de Garzón.
O juiz emitiu nova ordem de
prisão contra 11 suspeitos que já
estavam detidos na Espanha sob
acusação de integrar a Al Qaeda.
Entre eles figuram Tayseer Alouni, correspondente da Al Jazira
que entrevistou Bin Laden pouco
depois do 11 de Setembro, e Abu
Dahdah, suposto chefe da célula
da Al Qaeda na Espanha.
Ultraje entre árabes
O juiz, que se tornou internacionalmente conhecido por sua tentativa fracassada de julgar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet,
manteve seis outros acusados em
liberdade condicional sob fiança e
disse que vai decidir em data futura sobre os últimos dois.
Sua investigação sobre a Al Qaeda atraiu a atenção com a prisão
de Alouni, que provocou ultraje
entre grupos árabes de direitos
humanos, jornalistas e colegas de
Alouni na Al Jazira, que afirmou
que sua prisão foi um atentado
contra a liberdade de imprensa.
Nascido na Síria, Alouni tem cidadania espanhola e se encontra
preso sem direito a fiança enquanto aguarda julgamento.
Ele é acusado de fazer parte da
Al Qaeda desde 1995 e de ter continuado a integrar a rede depois
que começou a trabalhar para a Al
Jazira, em 2000, aproveitando o
fato de ter sido enviado ao Afeganistão para distribuir dinheiro para a rede militante islâmica. Garzón não o acusou de participação
ativa no 11 de Setembro nem de
envolvimento com mortes.
"A decisão do juiz foi muito
exaustiva com relação aos outros
acusados, mas quase não menciona meu cliente", disse o advogado
do jornalista, Manuel de Prado.
"Esse fato vem embasar a teoria
da defesa de que não existem provas cabais de seu envolvimento",
afirmou.
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