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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Apontando para uma metralhadora, líder palestino diz que resistirá caso Israel tente expulsá-lo ou matá-lo

Arafat se diz pronto a morrer como "mártir"

DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, 74, disse ontem que está pronto para morrer como um "mártir" se Israel tentar expulsá-lo de seu QG em Ramallah (Cisjordânia) rumo ao exílio ou assassiná-lo.
"Sou um soldado palestino... usarei minha arma para defender não apenas a mim mesmo mas também qualquer criança, mulher ou homem palestinos e a existência da Palestina", disse à agência Reuters, apontando para uma metralhadora a seu lado.
"Morrer como um mártir? Sim, há alguém na Palestina que não sonhe com o martírio?", disse. Israel anunciou sua decisão de "remover" Arafat, por considerá-lo um obstáculo à paz, mas não especificou como e quando.
Em relação ao veto dos EUA, anteontem no Conselho de Segurança da ONU, a uma proposta de resolução exigindo que Israel desista de qualquer ação contra Arafat, o líder disse não ter sido "o primeiro veto contra os palestinos nem será o último".
Segundo os EUA, a resolução proposta era desbalanceada e não contribuiria para o plano de paz. Mas deixaram claro que são contra a remoção de Arafat.
Ontem, os países árabes decidiram que vão pedir à Assembléia Geral da ONU, onde líderes de todo o mundo estarão reunidos na semana que vem, que adote uma resolução exigindo o fim das ameaças a Arafat. Ao contrário das resoluções do CS da ONU, uma resolução da Assembléia não tem poder legal.
Segundo Arafat, será anunciada na semana que vem a formação do governo do novo premiê palestino Ahmed Korei, indicado pelo próprio Arafat há dez dias.
Em entrevista à TV Israel, o presidente da ANP disse ser a favor de uma trégua com Israel e confirmou a existência de contatos com os grupos extremistas palestinos para colocar fim aos atentados.
Mas Israel já disse que não aceita enquanto as forças de segurança palestinas, majoritariamente controladas por Arafat, não desmantelarem os grupos terroristas.
Israel e EUA acusam Arafat de não fazer nada para impedir ataques terroristas, uma das exigências do plano de paz proposto pelos EUA, com apoio da Rússia, da União Européia e da ONU.
O líder, que nega estar por trás dos atentados, acusa Israel de não cumprir sua parte no acordo ao continuar, por exemplo, com suas ações militares nos territórios ocupados. Também acusa o país de destruir as forças de segurança palestinas, dificultando a prevenção de atos terroristas.
"Preciso de garantias de que Israel parará com os assassinatos, as demolições e as prisões. Essas garantias podem vir de tropas internacionais ou de observadores que garantam que os dois lados cumpram o cessar-fogo", disse Arafat.
Recentemente, os grupos terroristas declararam uma trégua, mas ela foi cancelada.


Com agências internacionais

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