São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

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MEMÓRIA MACULADA

Americano Red Cloud pede que donos do Crazy Horse deixem de ofender imagem de cacique

Índio quer outro nome a cabaré de Paris

DA REDAÇÃO

O índio norte-americano Alfred Red Cloud ("Nuvem Vermelha") entregou carta aos proprietários do Crazy Horse Saloon, sofisticado teatro de revistas com mulheres nuas, aberto em Paris em 1951, com o pedido para que mudem o nome do estabelecimento e "deixem de ofender a memória" de um de seus distantes ancestrais.
Red Cloud pertence à comunidade dos Oglala Sioux. "Eu vim até aqui para fazer o que deveria ser feito. Estou cumprindo uma missão em nome de meu povo." Sua cabeça estava coberta por um cocar de penas ao conversar sábado com repórteres, na calçada diante do cabaré, localizado perto dos Champs Elysées.
Crazy Horse ("Cavalo Louco"), disse ele, "é um nome sagrado" para sua tribo, e mesmo nos Estados Unidos ninguém teria a idéia de utilizá-lo comercialmente. Disse não querer o fechamento do teatro mas apenas que ele tenha outra designação.
O índio disse ser emissário de Harvey White Woman ("Mulher Branca"), que é o executor do testamento de White Horse e seu descendente direto. Ele mora no Estado de Dakota do Sul e não pensa por enquanto em mover uma ação na Justiça.
Afirmou, no entanto, que ele e White Woman estão dispostos "a fazer de tudo" para impedir que em Paris o nome de Crazy Horse continue a ser utilizado.
O cacique Crazy Horse (1842?-1877), ou Ta-Sunko-Witko, nome em sua língua nativa, foi um bravo guerreiro e também um hábil negociador da limitação da presença de colonizadores brancos em seu território.
Participou dos entendimentos para impedir a abertura de uma estrada e se recusou a aceitar limitações aos direitos de caça e pesca das populações nativas no atual Estado de Wyoming.
Liderou a resistência ao general George Crook, que queria garantir o direito à garimpagem do ouro em Dakota a partir de 1874.
Aliado ao cacique Sitting Bull ("Touro Sentado"), ele também impôs pesada derrota ao coronel George Custer, que procurava desalojar os nativos. Preso, o cacique foi morto por soldados brancos dentro de um forte no atual Estado de Nebraska.
Alfred Red Cloud disse que a idéia de enviá-lo como emissário a Paris partiu de White Woman, que assistiu pela HBO um documentário no qual bailarinas despidas dançavam com cocares, numa alusão ao dirigente indígena que dá o nome ao cabaré.
Jacques Asplanato, gerente da casa, recebeu a carta e prometeu encaminhá-la aos donos.


Com agências internacionais


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