|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Volta de Zelaya só será decidida após pleito, diz Congresso
Legislativo só dirá em dezembro se aceita restituir deposto, pondo em risco legitimidade de eleição
DA REDAÇÃO
O presidente do Congresso
de Honduras, José Alfredo Saavedra, disse ontem que a Casa
só decidirá em 2 de dezembro
-ou seja, após a eleição de 29
de novembro- se permitirá a
volta ao poder do presidente
deposto, Manuel Zelaya, cujo
mandato vai até 27 de janeiro.
A decisão do Congresso sobre a reposição de Zelaya, com
base em pareceres de outros órgãos hondurenhos, é parte de
acordo costurado pelos EUA
para dar fim à crise política em
Honduras. No entanto, o adiamento da decisão dos legisladores para depois da eleição presidencial coloca em dúvida se o
pleito terá legitimidade ante a
comunidade internacional.
Enquanto os EUA vêm dando indicativos de que aceitariam as eleições independentemente da restituição de Zelaya,
o Brasil e outros países da região exigem a volta do deposto
para reconhecer o resultado
eleitoral.
Em paralelo, Zelaya acusou
ontem os EUA de orquestrar
uma "manobra" com o governo
interino hondurenho para "legitimar" o golpe de 28 de junho.
O presidente deposto disse à
France Presse que os EUA o estão "incitando" a aceitar que o
presidente interino, Roberto
Micheletti, renunciasse à Presidência perante o Congresso,
na sexta-feira, em troca de Zelaya integrar um gabinete de
transição ao lado dos golpistas.
"Se eu aceito integrar o gabinete, [Micheletti] renuncia e se
legitima o golpe de Estado. É
uma armadilha na qual não vou
cair", disse Zelaya, abrigado na
embaixada brasileira desde 21
de setembro. O deposto afirmou que, no gabinete, os golpistas teriam "direito a vetar"
um ministro de Governo proposto por ele próprio.
Isso, disse Zelaya, motivou
sua recente carta aberta ao presidente Barack Obama, na qual
o deposto renunciava a qualquer acordo e pedia que os EUA
reafirmassem uma posição favorável à sua restituição. A carta causou irritação em Washington, que avalia que tanto
Micheletti quanto Zelaya são
culpados pelo fracasso das negociações.
Também ontem, Craig Kelly,
número 2 do Departamento de
Estado dos EUA para a América
Latina, iniciou nova viagem a
Honduras, como "parte do esforço [dos EUA] para animar os
dois líderes a respeitar o acordo", disse a Chancelaria americana. Na sua ida anterior a Tegucigalpa, na semana passada,
Kelly não obteve sinais de distensão de Micheletti ou Zelaya.
Hoje, a Suprema Corte deve
se pronunciar sobre a restituição de Zelaya, num parecer não
vinculante que é aguardado pelo Congresso antes de sua decisão final.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Lanterna prega união contra direita no Chile Próximo Texto: Diplomacia: Comissão do Senado aprova indicada de Obama para a OEA Índice
|