São Paulo, quarta-feira, 18 de novembro de 2009

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Volta de Zelaya só será decidida após pleito, diz Congresso

Legislativo só dirá em dezembro se aceita restituir deposto, pondo em risco legitimidade de eleição

DA REDAÇÃO

O presidente do Congresso de Honduras, José Alfredo Saavedra, disse ontem que a Casa só decidirá em 2 de dezembro -ou seja, após a eleição de 29 de novembro- se permitirá a volta ao poder do presidente deposto, Manuel Zelaya, cujo mandato vai até 27 de janeiro.
A decisão do Congresso sobre a reposição de Zelaya, com base em pareceres de outros órgãos hondurenhos, é parte de acordo costurado pelos EUA para dar fim à crise política em Honduras. No entanto, o adiamento da decisão dos legisladores para depois da eleição presidencial coloca em dúvida se o pleito terá legitimidade ante a comunidade internacional.
Enquanto os EUA vêm dando indicativos de que aceitariam as eleições independentemente da restituição de Zelaya, o Brasil e outros países da região exigem a volta do deposto para reconhecer o resultado eleitoral.
Em paralelo, Zelaya acusou ontem os EUA de orquestrar uma "manobra" com o governo interino hondurenho para "legitimar" o golpe de 28 de junho. O presidente deposto disse à France Presse que os EUA o estão "incitando" a aceitar que o presidente interino, Roberto Micheletti, renunciasse à Presidência perante o Congresso, na sexta-feira, em troca de Zelaya integrar um gabinete de transição ao lado dos golpistas.
"Se eu aceito integrar o gabinete, [Micheletti] renuncia e se legitima o golpe de Estado. É uma armadilha na qual não vou cair", disse Zelaya, abrigado na embaixada brasileira desde 21 de setembro. O deposto afirmou que, no gabinete, os golpistas teriam "direito a vetar" um ministro de Governo proposto por ele próprio.
Isso, disse Zelaya, motivou sua recente carta aberta ao presidente Barack Obama, na qual o deposto renunciava a qualquer acordo e pedia que os EUA reafirmassem uma posição favorável à sua restituição. A carta causou irritação em Washington, que avalia que tanto Micheletti quanto Zelaya são culpados pelo fracasso das negociações.
Também ontem, Craig Kelly, número 2 do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina, iniciou nova viagem a Honduras, como "parte do esforço [dos EUA] para animar os dois líderes a respeitar o acordo", disse a Chancelaria americana. Na sua ida anterior a Tegucigalpa, na semana passada, Kelly não obteve sinais de distensão de Micheletti ou Zelaya.
Hoje, a Suprema Corte deve se pronunciar sobre a restituição de Zelaya, num parecer não vinculante que é aguardado pelo Congresso antes de sua decisão final.


Com agências internacionais


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