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Hillary e Obama causam racha em voto negro
SHAILA DEWAN
DO "NEW YORK TIMES", EM ATLANTA
O semanário "The People's
Voice African-American
Weekly News", da minúscula
cidade de Roanoke, Alabama,
ainda não endossou um candidato na primária presidencial
democrata marcada para 5 de
fevereiro, para a frustração de
sua publisher, Charlotte A.
Clark-Frieson, partidária de
Barack Obama.
"Estou tentando endossá-lo,
mas meu conselho está dividido", disse Clark-Frieson. Ela
contou que as cartas endereçadas ao jornal são quase unânimes em favor de Obama, mas a
mais antiga das duas organizações políticas negras do Estado,
a Conferência Democrática do
Alabama, endossou a senadora
Hillary Clinton em outubro.
Em todo o Sul dos Estados
Unidos, uma disputa acirrada
acontece entre os eleitores negros, que devem constituir entre 20% e 50% dos eleitores na
primária democrata da Carolina do Sul, em 26 de janeiro, e
nos quatro Estados sulistas que
terão suas primárias na Superterça: Alabama, Tennessee,
Geórgia e Arkansas. Em muitos
Condados o cadastramento de
eleitores aumentou desde que
Obama venceu em Iowa.
A disputa oficial em campo
está apenas começando, mas os
comentários sobre os dois candidatos -ambos os quais têm
razões substanciais para contar
com o apoio do eleitorado afro-americano- são constantes
nos programas de rádio, listas
de e-mail e barbearias frequentadas por negros.
Autoridades e pastores andam anunciando seus apoios de
último momento, e as campanhas fazem tudo o que podem
para conquistar os diretores de
atividades de centros para a
terceira idade. As duas campanhas já abriram ou vão abrir
novos escritórios nesta semana: a de Hillary em Nashville, a
de Obama, em Little Rock (Arkansas) e Memphis, e ambas
em Alabama e na Geórgia.
Contenda racial
A questão racial vem dominando a disputa democrata,
motivando palavras acaloradas
entre os campos de Obama e
Hillary. Essa disputa parece ter
se acalmado, mas os eleitores
negros sulistas continuam em
dúvida cruel em relação a uma
contenda que opõe uma mulher que eles conhecem bem a
um candidato negro viável.
Se alguma eleição for capaz
de provar que os negros do Sul
não formam um bloco eleitoral
único, será esta.
A competição opõe lealdades
antigas a paixões recentes,
além de forças políticas tradicionais, muitas das quais prometeram apoio a Hillary meses
atrás, à energia de base popular
de Obama. E, na medida em
que o campo de Hillary faz tudo
o que pode para conquistar o
voto feminino, em alguns casos
ele vem dividindo famílias.
É o caso do deputado Sanford
D. Bishop Jr., co-presidente da
campanha de Obama na Geórgia, e de sua mulher, Vivian
Creighton Bishop, funcionária
municipal em Columbus, Geórgia, e partidária de Hillary.
Em Atlanta, a disputa também dividiu aliados antigos do
movimento pelos direitos civis.
A geração mais jovem, porém,
parece estar aderindo a Obama.
Tradução de Clara Allain
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