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Israel mantém Gaza isolada e destrói prédio do Hamas
Ataque em zona residencial deixa um morto e 30 feridos; seguem disparos de mísseis contra território israelense
ONU qualifica ofensiva como "punição coletiva" e adverte para o risco de crise humanitária causada pelo fechamento das fronteiras
DA REDAÇÃO
No quinto dia de uma ofensiva que deixou pelo menos 30
palestinos mortos até ontem,
Israel manteve fechadas as
fronteiras da faixa de Gaza e
bombardeou um prédio onde
funcionavam escritórios do
grupo radical Hamas, que controla a região. O governo israelense afirma que os ataques
continuarão até que sejam neutralizados os lançamentos de
mísseis Qassam contra o território israelense.
Foi o primeiro ataque contra
um edifício governamental palestino desde que o grupo extremista tomou o controle da
região, em junho do ano passado, após vencer as eleições parlamentares e romper com a Autoridade Nacional Palestina.
O prédio destruído, que tinha
quatro andares e já havia sido
usado como Ministério do Interior do Hamas, estava desocupado, mas a explosão provocou grande impacto na zona residencial dos arredores, matando uma mulher que participava
de um casamento num edifício
ao lado.
Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas, entre elas crianças
que jogavam futebol na rua.
"Parecia um terremoto", relatou um morador da área.
Ataques seguem
A operação do Exército israelense em Gaza não conseguiu
até agora diminuir o número de
foguetes disparados -cerca de
165 desde terça-feira, que feriram 15 pessoas.
O chefe de assuntos humanitários da ONU, John Holmes,
disse que "a reação de Israel
não se justifica nem com o lançamento de foguetes" e qualificou os ataques de "punição coletiva" contra a população civil.
Holmes, que cobrou do Hamas o fim dos disparos de mísseis Qassam, também afirmou
que o fechamento das fronteiras do território está causando
uma "crise humanitária", devido ao bloqueio da entrada de
suprimentos básicos como alimentos e remédios no território. Além disso, pessoas que
precisam de atendimento médico em Israel não têm permissão para sair.
As passagens permanecerão
fechadas até amanhã, mas a
medida pode ser prolongada se
os milicianos não cessarem
seus ataques, segundo um porta-voz militar israelense.
A pedido de países árabes e
muçulmanos, o Conselho de
Direitos Humanos da ONU se
reunirá em caráter emergencial na próxima semana para
discutir o caso.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, condenou a ofensiva israelense mas também
acusou o Hamas de minar o sonho palestino de ter um Estado
soberano.
A retomada da violência
ameaça paralisar as atuais conversações de paz mediadas pela
Casa Branca entre Israel e a
ANP, formalmente retomadas
na Conferência de Annapolis
(EUA), em novembro, após sete
anos de impasse.
Na opinião do analista israelense Shlomo Brom, um cessar-fogo entre Israel e o Hamas seria a única maneira de acalmar
os ânimos. "Israel persegue um
duplo objetivo: limitar ao máximo os disparos de foguetes
[Qassam] e enfraquecer o Hamas", disse Brom à agencia de
notícias France Presse.
A operação em Gaza não tem
objetivo claro e é contraproducente, segundo avaliou o editorialista Uri Misgav, do jornal israelense "Yediot Aharonot".
"Se a desculpa é pôr fim ao
lançamento de foguetes Qassam, então a escalada atual é
inútil, pois há cada vez mais
disparos", escreve Misgav. "A
política externa e a defesa de Israel foram parar novamente
nas mãos de comandantes militares".
Com agências internacionais
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