São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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Israel mantém Gaza isolada e destrói prédio do Hamas

Ataque em zona residencial deixa um morto e 30 feridos; seguem disparos de mísseis contra território israelense

ONU qualifica ofensiva como "punição coletiva" e adverte para o risco de crise humanitária causada pelo fechamento das fronteiras

DA REDAÇÃO

No quinto dia de uma ofensiva que deixou pelo menos 30 palestinos mortos até ontem, Israel manteve fechadas as fronteiras da faixa de Gaza e bombardeou um prédio onde funcionavam escritórios do grupo radical Hamas, que controla a região. O governo israelense afirma que os ataques continuarão até que sejam neutralizados os lançamentos de mísseis Qassam contra o território israelense.
Foi o primeiro ataque contra um edifício governamental palestino desde que o grupo extremista tomou o controle da região, em junho do ano passado, após vencer as eleições parlamentares e romper com a Autoridade Nacional Palestina.
O prédio destruído, que tinha quatro andares e já havia sido usado como Ministério do Interior do Hamas, estava desocupado, mas a explosão provocou grande impacto na zona residencial dos arredores, matando uma mulher que participava de um casamento num edifício ao lado.
Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas, entre elas crianças que jogavam futebol na rua. "Parecia um terremoto", relatou um morador da área.

Ataques seguem
A operação do Exército israelense em Gaza não conseguiu até agora diminuir o número de foguetes disparados -cerca de 165 desde terça-feira, que feriram 15 pessoas.
O chefe de assuntos humanitários da ONU, John Holmes, disse que "a reação de Israel não se justifica nem com o lançamento de foguetes" e qualificou os ataques de "punição coletiva" contra a população civil.
Holmes, que cobrou do Hamas o fim dos disparos de mísseis Qassam, também afirmou que o fechamento das fronteiras do território está causando uma "crise humanitária", devido ao bloqueio da entrada de suprimentos básicos como alimentos e remédios no território. Além disso, pessoas que precisam de atendimento médico em Israel não têm permissão para sair.
As passagens permanecerão fechadas até amanhã, mas a medida pode ser prolongada se os milicianos não cessarem seus ataques, segundo um porta-voz militar israelense.
A pedido de países árabes e muçulmanos, o Conselho de Direitos Humanos da ONU se reunirá em caráter emergencial na próxima semana para discutir o caso.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, condenou a ofensiva israelense mas também acusou o Hamas de minar o sonho palestino de ter um Estado soberano.
A retomada da violência ameaça paralisar as atuais conversações de paz mediadas pela Casa Branca entre Israel e a ANP, formalmente retomadas na Conferência de Annapolis (EUA), em novembro, após sete anos de impasse.
Na opinião do analista israelense Shlomo Brom, um cessar-fogo entre Israel e o Hamas seria a única maneira de acalmar os ânimos. "Israel persegue um duplo objetivo: limitar ao máximo os disparos de foguetes [Qassam] e enfraquecer o Hamas", disse Brom à agencia de notícias France Presse.
A operação em Gaza não tem objetivo claro e é contraproducente, segundo avaliou o editorialista Uri Misgav, do jornal israelense "Yediot Aharonot".
"Se a desculpa é pôr fim ao lançamento de foguetes Qassam, então a escalada atual é inútil, pois há cada vez mais disparos", escreve Misgav. "A política externa e a defesa de Israel foram parar novamente nas mãos de comandantes militares".


Com agências internacionais


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