UOL


São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERU

Pivô do escândalo que derrubou Fujimori há 29 meses enfrenta primeiro julgamento

Montesinos se cala no tribunal

DA REDAÇÃO

Em meio a fortes medidas de segurança, começou ontem no Peru o primeiro julgamento público de Vladimiro Montesinos, o ex-chefe dos serviços de inteligência do país no governo de Alberto Fujimori (1990-2000), acusado por dezenas de casos de corrupção, tortura e assassinato. Ele se negou a prestar depoimento, alegando que seus direitos não foram respeitados.
Montesinos, 58, enfrenta seu primeiro julgamento público 29 meses após a divulgação do primeiro dos chamados "vladivídeos", filmados por sua iniciativa e nos quais aparecia subornando figuras públicas importantes, num escândalo que provocou a destituição de Fujimori, hoje foragido no Japão.
"Isso marca o início do julgamento do homem que é provavelmente o maior corrupto da história do Peru", disse o promotor-assistente Ronald Gamarra. "Finalmente, após dois anos de espera."
Algemado e com um colete à prova de balas, Montesinos foi levado de helicóptero de sua prisão, numa base naval de Lima, para a penitenciária de segurança máxima de Lurigancho, ao norte da cidade, onde acontece o julgamento. Cerca de 500 policiais foram deslocados para proteger as proximidades da penitenciária, e outros 300 foram mantidos em alerta dentro dela, diante de uma ameaça de rebelião de presos.
No caso que começou a ser julgado ontem, Montesinos é acusado de interferir para libertar o irmão de sua amante, preso por tráfico de drogas. Por essa acusação, pode pegar cinco anos de prisão.
Montesinos, que passou toda a sessão de ontem impassível, apresentou uma carta na qual disse que permanecerá em silêncio e não responderá às perguntas dos juízes "porque não são competentes e imparciais" para julgá-lo.
Ele está preso em Lima desde junho de 2001, quando foi extraditado da Venezuela, onde foi preso após meses foragido. Ele responde a mais de 70 processos, acusado de corrupção de funcionários públicos, tráfico de influência, enriquecimento ilícito, violação dos direitos humanos, tráfico de armas e de drogas e lavagem de dinheiro. Montesinos admite culpa em alguns casos menos graves, como abuso de autoridade, mas nega responsabilidade sobre os mais sérios -narcotráfico e crimes contra os direitos humanos-, alegando que cumpria ordens de Fujimori.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Ajuda: Militares americanos treinarão paraguaios
Próximo Texto: Iraque na mira: Bush diz que protestos não o farão mudar
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.