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UNIÃO EUROPÉIA
Alemanha, França e Reino Unido rejeitam acusação de que querem impor sua política ao resto do bloco
Berlim, Paris e Londres negam hegemonia
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Os três Estados mais ricos da
União Européia, a Alemanha, a
França e o Reino Unido, reunidos
em Berlim, fizeram ontem um
apelo por reformas econômicas
"urgentes" no bloco, mas refutaram acusações de que buscam impor sua política européia aos outros países-membros da UE.
O chanceler (premiê) Gerhard
Schröder, o presidente Jacques
Chirac e o premiê Tony Blair propuseram a criação de um novo
posto de comissário europeu para
liderar os esforços de modernização do bloco, cujo objetivo é ter "a
economia baseada no conhecimento mais ativa e mais competitiva do planeta" até 2010.
A missão do "supercomissário"
seria harmonizar as políticas européias relacionadas à indústria,
ao desenvolvimento e às inovações tecnológicas, buscando reduzir a diferença existente hoje
entre o desempenho econômico
europeu e o americano.
Contudo os três líderes não revelaram as medidas específicas
que deveriam ser tomadas para
criar empregos, acelerar o crescimento e fortalecer a competitividade internacional dos países da
UE. Na verdade, eles foram compelidos a buscar acalmar os temores de seus parceiros europeus,
que se inquietam com a possibilidade de o trio tentar dominar a
concepção das políticas européias, dizendo que só querem dar
"um impulso" ao bloco.
"Declarando formalmente, em
janeiro de 2003, que eram contra a
Guerra do Iraque, Paris e Berlim
abriram caminho para as divisões
que caracterizaram a UE nos meses que se seguiram. Em seguida,
certos países não tardaram a dar
seu apoio aos EUA. Afinal, alguns
Estados temem ser tratados como
membros de segunda categoria
do bloco", explicou à Folha Michael Kreile, professor na Universidade Humboldt (Berlim).
"Assim, quando a Chancelaria
alemã anunciou a realização da
reunião de hoje [ontem], vários
países da UE expressaram preocupação com o conteúdo do encontro. Com isso, Schröder, Chirac e Blair tiveram de tomar muito cuidado para não criar mais
problemas. Ademais, vale lembrar que o bloco atravessa um
momento difícil, já que sua Constituição ainda não foi aprovada e a
expansão ocorrerá em 1º de
maio", acrescentou Kreile.
De fato, no início de maio, a UE
ganhará dez novos países-membros -oriundos sobretudo do
antigo bloco comunista. Anteontem, a Itália, além de alguns outros Estados do bloco, criticou a
realização da reunião. O premiê
Silvio Berlusconi disse que uma
tentativa de formar um "diretório" formado por alemães, franceses e britânicos transformaria o
bloco numa "grande bagunça".
Segundo Françoise de la Serre,
especialista em UE do Centro de
Estudos e de Pesquisas Internacionais (Paris), mesmo a criação
do cargo de "supercomissário" da
UE tende a atrair críticas.
"Primeiro, será muito difícil que
um comissário poderoso, mesmo
que de nacionalidade alemã, como deseja Berlim, realmente possa dar alento ao bloco, intensificando sua competitividade. Afinal, qualquer medida importante
que ele queira tomar deverá ser
sancionada pelos políticos, o que
minará sua autoridade", analisou.
"Segundo, a simples idéia de
querer estabelecer de antemão a
nacionalidade desse comissário
levanta um problema básico: ele
trabalhará pelos interesses da Europa ou pelos de seu país de origem. Trata-se de um contra-senso", completou De la Serre.
Beco sem saída
A situação dos três grandes Estados europeus é complexa, para
Kreile. Afinal, "é normal que as
maiores potências continentais
busquem harmonizar suas posições". "Se os três países não tentarem aproximar suas posições, os
analistas dirão que o bloco europeu permanece fraco porque seus
"motores naturais" não agem em
conjunto. Ora, quando eles buscam fazê-lo, chovem críticas. O
caso é complexo", avaliou Kreile.
Com agências internacionais
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