|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Segundo o Exército, o objetivo é destruir túneis de contrabando de armas do Egito e não casas de palestinos
Operação de Israel mata 19 palestinos no sul de Gaza
DA REDAÇÃO
Apoiadas por helicópteros e
cerca de 60 blindados, tropas israelenses entraram ontem no
campo de refugiados de Rafah, na
maior operação militar dos últimos anos na faixa de Gaza. Pelo
menos 19 palestinos morreram
-dez em ataques com mísseis,
nove atingidos por tiros.
Segundo Israel, a maioria dos
mortos seriam terroristas. De
acordo com os palestinos, nove
civis morreram, entre eles os irmãos Asma Mughayer, 16, e Ahmed, 13.
O Exército disse que o objetivo
da ação iniciada ontem é destruir
túneis que ligam Gaza ao Egito,
por onde haveria contrabando de
armas.
Segundo nota da Embaixada de
Israel no Brasil, oito túneis foram
descobertos em Rafah no último
mês e mais de 90 desde setembro
de 2000 (início da Intifada).
Soldados realizaram buscas casa a casa. Khaled al Assar, 38, eletricista, diz ter se refugiado com a
mulher e cinco filhos em um cômodo. "Houve uma forte explosão, a crianças começaram a gritar e a chorar", disse Al Assar.
O Exército negou ter planos de
destruir centenas de casas em Rafah para alargar a faixa de segurança que Israel mantém na fronteira entre Gaza e o Egito. Na semana passada, 13 soldados morreram em ataques de grupos terroristas palestinos em Gaza, cinco
na faixa de segurança em Rafah.
"Nosso plano não é demolir casas", disse o general Moshe Yaaolon. Só seriam demolidas casas
usadas como esconderijo para
terroristas e entrada de túneis.
Quatro casas foram destruídas
ontem e quase cem na semana
passada. O líder palestino Iasser
Arafat definiu a ação em Rafah
como um "massacre planejado".
Já o presidente dos EUA, George W. Bush, qualificou a violência
como "perturbadora", mas disse
que Israel tem "todo o direito de
se defender do terrorismo".
A União Européia e a ONU condenaram a destruição de casas.
Segundo a Anistia Internacional,
cerca de 3.000 casas de palestinos
foram demolidas desde o início
da Intifada (levante palestino).
O agravamento da violência
ocorre no momento em que o
premiê israelense, Ariel Sharon,
tenta obter apoio para uma retirada unilateral de 7.500 colonos israelenses de Gaza.
A saída de Gaza integra um plano mais amplo de separação unilateral de Israel dos territórios palestinos, do qual também faz parte a barreira que os israelenses estão construindo na Cisjordânia.
Sharon sustenta que a saída de
Gaza trará mais segurança para
Israel, mas não quer dar a impressão de que está saindo por causa
da ação de terroristas. Por isso
realiza ações duras contra eles.
Israel qualifica todas as ações
armadas de palestinos como terroristas. Mas os palestinos dizem
que ataques ao Exército israelense
nos territórios palestinos são atos
de resistência contra a ocupação.
Pesquisas mostram que a maioria em Israel apóia a saída de Gaza, mas o plano foi rejeitado pelo
partido de Sharon, o Likud. Para
os adversários, o plano premia o
terrorismo ao devolver Gaza sem
exigir concessões. O premiê o reapresentará com mudanças.
O plano é apoiado pelos EUA,
pela União Européia, pela ONU e
pela Rússia (o "Quarteto"), mas,
segundo os palestinos, Sharon
quer sair de Gaza para reforçar o
controle na Cisjordânia, onde vivem 230 mil colonos judeus.
Na madrugada de hoje, um integrante do grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa foi
morto pelo Exército israelense em
incursão em acampamento de refugiados em Jenin (Cisjordânia).
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Democracia indiana sairá vencedora Próximo Texto: Iraque ocupado: Aliados defendem entrega total de soberania Índice
|