São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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Cineasta iraniano preso entra em greve de fome

DA REUTERS

O diretor iraniano de cinema Jafar Panahi começou uma greve de fome na prisão, afirmou sua mulher a um site opositor ontem.
O cineasta, dono de inúmeros prêmios internacionais e correligionário do líder opositor Mir Hossein Mousavi na controvertida eleição presidencial do ano passado, foi preso no início de março, bem como sua mulher e sua filha.
As duas foram posteriormente liberadas, e ele levado para a prisão de Evin, em Teerã.
"Fui levado a interrogatório na manhã de domingo, quando me acusaram de ter filmado a cela, o que é uma mentira deslavada", Panahi disse à sua família por telefone ontem, segundo o site "Jaras".
A página publicou ainda a seguinte declaração do cineasta: "Deixei de comer e beber desde então e continuarei assim até que minhas exigências sejam atendidas".
Panahi demanda acesso a seu advogado, visitas dos familiares e o direito de permanecer em liberdade até que uma audiência para apreciar seu caso seja marcada, de acordo com sua mulher, Tahereh Saeedi.
O cineasta apoiou Mousavi no pleito que reconduziu à Presidência Mahmoud Ahmadinejad no ano passado.
A oposição acusa a reeleição de ter sido fraudada, o que motivou protestos de rua reprimidos com violência pelo regime.
De acordo com o governo, as manifestações foram orquestradas pelo Ocidente, com o intuito de minar a credibilidade da teocracia iraniana.
Milhares de opositores foram detidos nos protestos pós-eleitorais.
A maioria deles foi libertada desde então, mas mais de 80 pessoas acabaram condenadas por até 15 anos. Duas delas, julgadas depois da eleição, foram executadas.
Dois ministros franceses, na semana passada, solicitaram do Irã a soltura da Panahi, para que ele pudesse aceitar o convite para ocupar uma cadeira no júri do Festival de Cannes.
O apelo não surtiu efeito, e a cadeira que era destinada ao cineasta iraniano no tradicional evento francês permaneceu vazia, ao lado de uma placa com seu nome.
Panahi foi premiado com o "Camera d'Or" em Cannes, pelo filme "O Balão Branco", de 1995.


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