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UNIÃO EUROPÉIA
Após difíceis negociações, os 25 países da UE chegam a acordo, mas o texto ainda deverá ser ratificado
Europa adota sua primeira Constituição
DA REUTERS
Líderes políticos dos 25 países
da União Européia chegaram ontem a um acordo histórico sobre a
primeira Constituição do bloco,
pondo fim a meses de duras negociações sobre a divisão de poder
entre os países-membros.
O acordo sobre a Constituição
da UE, que, desde 1º de maio, tem
25 países -oito do antigo bloco
comunista- e cerca de 450 milhões de habitantes, foi visto pelos
líderes políticos como uma vitória, segundo diplomatas, depois
que a eleição para o Parlamento
Europeu, encerrada no último final de semana, mostrou forte apatia popular e reforçou a posição
dos "eurocéticos".
Porém o perigo de o texto ser rejeitado por um dos países em que
um plebiscito determinará sua ratificação ainda paira sobre a UE.
As negociações sobre a Constituição foram marcadas por graves
disputas, principalmente entre
Londres e Paris, durante os dois
dias da cúpula de Bruxelas.
Além disso, o contentamento
com a aprovação do texto foi minado pelo fracasso na escolha do
nome do novo presidente da Comissão Européia (o Executivo da
UE). A Irlanda disse que quer definir a situação até 30 de junho.
Além de aumentar significativamente o número de questões que
serão decididas por maioria qualificada, não por consenso, a
Constituição, cujas negociações
tinham fracassado em dezembro,
dará ao bloco uma liderança mais
forte, pois haverá um presidente
do Conselho Europeu e um chanceler -que o representarão internacionalmente. Ademais, o Parlamento passará a ter mais poderes.
Apesar da oposição da França e
da Alemanha, o Reino Unido conseguiu manter seu direito de veto
em áreas consideradas delicadas,
como a taxação e a política externa e de defesa.
A França, a Alemanha e a Holanda conseguiram chegar a um
acordo sobre o déficit orçamentário que cada país do bloco pode
apresentar. Mas a Polônia e a Itália, além de outros países majoritariamente católicos, não puderam assegurar a referência à herança católica européia na Carta.
Houve diferenças claras entre os
britânicos e os franceses. O premiê britânico, Tony Blair, chegou
a dizer que Paris e Berlim não
"controlam o bloco", segundo diplomatas europeus.
A reforma do sistema de votação foi um dos temas mais delicados, já que os grandes Estados defendiam uma diminuição do peso
dos médios -Espanha e Polônia.
Segundo o acordo, a maioria das
decisões será tomada por pelo
menos 55% dos países -com ao
menos 65% da população do bloco. Eis a fórmula encontrada para
dar mais poder aos grandes sem,
porém, tirar a voz dos pequenos.
A escolha do presidente da Comissão Européia não foi possível
por várias razões. A mais importante talvez tenha sido a exigência
francesa de que o escolhido seja
oriundo de um país que faça parte
das principais instâncias do bloco, como a zona do euro (moeda
única) e o espaço Schengen (zona
de livre circulação de pessoas, serviços, capitais e mercadorias). Isso excluiria o Reino Unido, a Irlanda, a Dinamarca, a Suécia e os
dez novos países-membros.
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