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Câmara britânica veta parte dos dados sobre seus gastos
Divulgação do uso de verbas públicas, prometida pelo premiê, teve trechos "apagados"
Polícia do Reino Unido investiga possível uso ilegal de recursos públicos por parlamentares para pagar "residências-fantasmas"
DA REDAÇÃO
Como prometido pelo primeiro-ministro Gordon
Brown, o Parlamento britânico
divulgou ontem os detalhes do
uso de verbas públicas e auxílios de despesa por seus integrantes. Mas não todos.
As reproduções dos documentos de declaração de gastos
dos integrantes da Câmara dos
Comuns contêm trechos censurados, em que informações
são cobertas por tinta preta,
impedindo sua leitura.
Os gastos fúteis com "mimos" pessoais que, revelados
pela imprensa local, deflagraram uma onda de indignação
entre eleitores -como a compra, com dinheiro público, de
filmes pornográficos, adubo
para o jardim ou comida para
cachorro- estão na sua maioria no site do Parlamento.
No entanto informações centrais no recente escândalo de
malversação de verbas por políticos no Reino Unido foram
censuradas sob o argumento de
que revelariam informações
pessoais dos parlamentares e
poderiam expô-los a um risco
desnecessário.
Entre esses dados vetados,
estão as declarações de "segunda residência" em Londres, ou
seja, casas e apartamentos que
os integrantes da Câmara, muitos vindos de outras regiões do
país, têm o direito de comprar
com verbas públicas de auxílio-moradia.
Embora questionáveis, os
gastos fúteis não configuram
crime propriamente. É no uso
de auxílio-moradia para a
"compra" de residências, que
em alguns casos já eram de propriedade dos parlamentares,
ou no superfaturamento de hipotecas, que se encontram indícios de ilegalidade.
Ontem o jornal "The Guardian" publicou reportagem segundo a qual a polícia londrina
estuda abrir inquéritos para investigar possíveis desvios.
Investigadores, disse o diário, já estão analisando declarações de gastos de alguns integrantes do Parlamento. No
centro das investigações estão
parlamentares que, se suspeita,
tenham declarado "hipotecas-fantasmas".
Em contraste com a "censura" de ontem, muitos parlamentares britânicos reagiram à
pressão política e devolveram
aos cofres públicos recursos
que receberam de verbas e auxílios do Parlamento.
Segundo o "Daily Telegraph", jornal londrino responsável pela publicação inicial dos
gastos abusivos, a soma do total
de dinheiro devolvido já alcança 500 mil libras (pouco mais
de R$ 1,6 milhão).
O líder da oposição, David
Cameron, que lucrou com a crise, já que seu impacto provocou
um desgaste muito maior no
partido da situação, o Trabalhista, anunciou ontem que devolverá aos cofres públicos cerca de 1.000 libras (R$ 3.245).
Com agências internacionais
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