São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Bush vê "horizonte" de retirada do Iraque

Acordo com Bagdá que cita linha temporal "genérica" é anunciado às vésperas de viagem de Obama

DA REDAÇÃO

Após semanas de impasse, a Casa Branca e o governo do Iraque anunciaram ontem um consenso inicial sobre a negociação para permanência das tropas americanas no país árabe. Segundo Washington, um acordo sobre o tema deverá incluir um "horizonte temporal genérico" para reduzir o contingente militar dos EUA conforme as forças iraquianas consigam assumir mais responsabilidades -mas não o cronograma que Bagdá tem exigido.
A declaração é bastante vaga e se ampara na idéia repetida pelo governo de George W. Bush desde que invadiu o Iraque, em 2003: seria possível começar a trazer os soldados de volta para casa quando o país estivesse mais seguro, uma acepção bastante relativa. Por outro lado, trata-se do mais perto que o presidente já chegou de um cronograma de retirada, evocado constantemente pelo candidato da oposição à sua sucessão, Barack Obama.
No que parece uma espetada na campanha do democrata, a Casa Branca disse que serão incluídos em um documento "intenções" com base na "continuidade da melhoria das condições em campo, e não em uma data arbitrária estipulada politicamente". Washington prevê selar o acordo até o fim do mês.
Mas apesar do otimismo do governo americano, o consenso não necessariamente avança o tratado de longo prazo que garantiria a base legal para a permanência das tropas americanas, o Acordo sobre o Status das Forças. O mandato da ONU, que por ora garante essa legitimidade, expira no final do ano.

Obama no Iraque
O fato de o anúncio ter sido feito ontem foi visto por analistas como uma tentativa de Bush de tirar o foco de Obama, que visitará a região, inclusive o Iraque, na próxima semana. O embarque, segundo a mídia local, poderia ocorrer já neste fim de semana -a data oficial não foi informada por segurança.
Afora o "timing" político, o anúncio da Casa Branca resulta ainda da pressão de políticos iraquianos pela retirada, sobretudo com a aproximação das eleições regionais no país.
Lembrando a defesa que Obama faz do cronograma de saída em 16 meses, a assessoria do candidato chamou o anúncio de ontem de "um passo na direção correta" e "uma mudança de posição da Casa Branca", mas tachou de "ilusão vaga" a expressão "horizonte temporal genérico".
Já o candidato republicano, John McCain, afirmou que o anúncio mostra que a estratégia do "surge", que enviou quase 30 mil soldados extras ao país a partir de fevereiro de 2007, funcionou -e lembrou que o rival se opôs ao "surge". "E agora, felizmente para todos, ele [Obama] poderá usufruir dos benefícios dessa estratégia bem-sucedida", disse uma porta-voz do republicano.
Entre as "intenções" da negociação preliminar acordada ontem estão a retomada do controle iraquiano das cidades e a maior redução do número de forças em combate dos EUA no país. No começo deste mês, o conselheiro de segurança iraquiano Mouwaffak al Rubaie dissera que o governo não aceitaria nenhum acordo que não contenha datas fixas de saída.
Bagdá propôs que os EUA aceitem retirar as tropas por completo cinco anos após os iraquianos assumirem o controle da segurança no país, sem data especificada. Mas Washington ainda não concordou.


Com agências internacionais



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