São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Governo peruano aumenta segurança na região de Ica

Para conter saques, feitos a mão armada, efetivo do Exército terá mil soldados

Presidente García chegou a cogitar toque de recolher; esforço para auxiliar vítimas faz desabastecimento chegar também a Lima

DA REDAÇÃO

O governo do Peru reconhece não só a insuficiência no atendimento aos desabrigados como a falta de segurança na área afetada pelo terremoto.
Caminhões de donativos inexplicavelmente parados na região foram saqueados, até sob armas de fogo. Até agora, dos 600 presos que fugiram da cadeia de Tambo de Mora, onde as paredes desabaram, só 50 foram capturados.
No meio dos saques, jovens armados atacam os caminhões.
O presidente Alan García chegou a cogitar a decretação de toque de recolher, mas voltou atrás na tarde de ontem. "[Pisco] é porto, um tanto arriscado. Um grupo de garotos parece uma gangue, mas não quero usar a força com toda a energia porque compreendo a situação", disse o presidente.
Apenas 600 policiais fazem a segurança da região mais afetada pelo tremor - as cidades de Pisco, Ica e Chincha, que reúnem quase 700 mil pessoas. Mais 200 policiais chegariam ontem à região. Mil soldados patrulhariam as principais estradas, segundo comunicado do Exército.
Todos os ministros peruanos estão trabalhando na base militar de Pisco. García os dividiu em grupos para administrar cada cidade afetada.
A solidariedade do povo provocou desabastecimento na capital, Lima. Garrafas de água e velas sumiram dos principais supermercados da cidade ontem. Milhares de peruanos foram comprar os produtos básicos mais urgentes na região destruída pelo terremoto, onde faltam água e luz.
De redes de supermercado às lanchonetes do Mc Donald's, não faltam centros de arrecadação de donativos na capital.
Uma pequena multidão fez filas na principal praça de Lima para doar sangue - em um momento, faltaram bolsas para a coleta.
Há 85 mil desalojados pelo terremoto-menos de 20 mil deles estão em abrigos. A temperatura na madrugada de sexta para sábado baixou a uma sensação térmica de 2º C; 14 estradas estão comprometidas, o que dificulta os acessos.
Cerca de 17 mil casas foram destruídas. Estima-se que a demolição e reconstrução leve pelo menos um ano. Urbanistas dizem que novas casas devem ser de alvenaria, não de barro, como é comum na região.
A ajuda internacional não pára de chegar. O primeiro avião com donativos chegou da ainda mais pobre Bolívia -um gesto de boa vizinhança do presidente Evo Morales, que visitou o Peru há 15 dias.
A maior ajuda até agora veio da Colômbia. Não só foram enviadas 50 toneladas de alimentos, cobertores e remédios, como o próprio presidente Álvaro Uribe deve visitar hoje as áreas afetadas.
A ajuda brasileira deve chegar hoje, junto com o chanceler Celso Amorim. (RJL)


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