São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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INTERVENÇÃO
Frota com soldados da força multinacional de paz deixa base da Austrália; desembarque deve ser amanhã
Navios de guerra partem para Timor

Associated Press
Menina timorense leva figuras católicas enquanto espera avião para a retirada da cidade de Dili


das agências internacionais

Nove navios de guerra da força multinacional de paz da ONU zarparam ontem da Austrália rumo a Timor Leste. Hoje, o comandante da missão deve visitar o território.
A frota, composta por navios da Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia, partiu da base de Darwin e deve chegar a Timor somente amanhã, junto com outros destacamentos da força multinacional, que virão de avião.
A ex-colônia portuguesa de Timor Leste foi invadida em 1975 pela Indonésia e anexada em 76. Desde então, vem ocorrendo um conflito separatista que deixou cerca de 200 mil mortos.
A maioria da população votou pela independência em referendo no dia 30 de agosto. A divulgação dos resultados deu início a uma onda de violência contra os independentistas, patrocinada por grupos paramilitares apoiados pela Indonésia.
A escalada da violência fez com que a comunidade internacional pressionasse por uma força de paz, autorizada pela ONU. O Brasil vai participar enviando 51 militares da Polícia do Exército, que partem amanhã para a Austrália.
O general australiano Peter Cosgrove, que comandará as tropas multinacionais em Timor, visita hoje Dili, capital do território, junto com 13 oficiais militares.
Eles passarão três horas na cidade, devastada pelos distúrbios, onde se reunirão com autoridades militares indonésias para acertar detalhes da chegada do contingente da Interfet (força internacional para Timor Leste).
Os primeiros a chegar serão 2.000 australianos e 250 gurkhas (tropas nepaleses a serviço do Exército britânico). Ao todo, deverão ser enviados para Timor mais de 8.000 militares.
A Indonésia começou a retirar suas tropas da região, alegando temer choques com a força multinacional, que tem como missão a imposição da paz, podendo, para isso, usar a força. Paramilitares ameaçam atacar soldados estrangeiros. Ontem, um grupo islâmico indonésio pediu uma "guerra santa" contra a intervenção.
O líder independentista timorense Xanana Gusmão deixou a Indonésia em direção à cidade australiana de Darwin, segundo o Conselho Nacional da Resistência Timorense.
A alta comissária da ONU para refugiados, a japonesa Sadako Ogata, pediu à Indonésia que permita uma assistência maior aos timorenses que fugiram dos distúrbios ou tiveram suas casas destruídas nas últimas semanas.
Estima-se que somente ao redor de Dili haja cerca de 90 mil refugiados em condições precárias.
"Estamos particularmente preocupados com os refugiados que fugiram para Timor Oeste", disse Ogata, que chegou ontem a Jacarta, capital da Indonésia. A parte oeste da ilha de Timor permanece sob controle indonésio.
Aviões australianos já lançaram de pára-quedas cerca de 20 toneladas de alimentos para Timor.


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