São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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Nova York executa expansão silenciosa de metrô gigante

Obras vão cobrir as zonas de sombra nos extremos de Manhattan; tecnologia usada é a mesma do Eurotúnel

Número de estações vai passar de 500, e custo de apenas duas linhas será de US$ 16 bi; sistema tem 7 milhões de usuários por dia

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Na esteira dos projetos de revitalização e de intervenções urbanas, Nova York constrói uma expansão silenciosa do metrô, que vai cobrir uma imensa área de sombra sob os extremos leste e oeste da ilha de Manhattan.
Inaugurado no início do século 20, o sistema de transporte subterrâneo da cidade é um dos mais antigos, complexos e extensos do mundo. Funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, e leva 7 milhões de passageiros por dia, seis vezes a população de Recife. Hoje, a área de cobertura é de 375 km, com 468 estações.
O sistema gasta a energia equivalente à consumida por uma cidade de 1,5 milhão de habitantes. Em São Paulo, o metrô tem 60 km de extensão e leva 2,7 milhões de pessoas.
As novas linhas serão a "T", que ligará a rua 125, coração do Harlem, à praça Hanover, próximo a Wall Street, com 16 estações e seis pontos de baldeações, sob a Segunda Avenida; a linha "Q", que hoje vai do Central Park ao Brooklyn, será expandida à rua 125. Mais sete estações e sete possibilidades de conexão no Upper East Side. E a linha "7", que vai de Times Square ao Queens, descerá pela avenida 11 e passará pelo centro de convenções Javits. A extensão ainda não foi determinada.
Custo das obras: US$ 16 bilhões só para as linhas "T" e "Q". A licitação para a "7" será fechada até o fim deste ano. A data para a conclusão é 2011.
"Esses projetos vão aumentar dramaticamente o desenvolvimento econômico, comercial, residencial e cultural de Nova York e das áreas vizinhas", disse à Folha Katherine Lapp, diretora-executiva da MTA (Metropolitan Transportation Authority), gestora do sistema de transporte público.

Sem transtorno
As obras da expansão do metrô nova-iorquino usam as escavadeiras e a tecnologia usadas para construção do Eurotúnel, que liga a França ao Reino Unido sob o canal da Mancha.
Diferentemente de São Paulo, em Nova York nenhuma rua foi interditada e nenhuma casa foi acidentalmente demolida. Ou seja, transtorno zero para a cidade. A maioria dos moradores nem sequer tem notícia do que se passa sob seus pés.
As obras são tocadas pela MTA Capital Construction Company, criada em 2003 para gerenciar a infra-estrutura do metrô e dos ônibus. Ao custo de US$ 6,3 bilhões, ela executa ainda o East Side Access, que levará as linhas de trem que ligam Long Island a Manhattan à Grand Central Station, no lado leste da rua 42. O objetivo é desafogar a Penn Station, principal estação ferroviária, no lado oeste da rua 34. Meio milhão de passageiros passam ali por dia.
"É focar nas mudanças na vida da cidade. Vamos ser mais rápidos nas respostas às necessidades dos clientes", diz Lapp.

Paralisação
No fim do ano passado, em pleno inverno, a -5C e com a cidade cheia de turistas para compras de Natal, os 34 mil funcionários do metrô entraram em greve por três dias. A paralisação levou a prefeitura a implantar um sistema de emergência para regular o tráfego em Manhattan. Motoristas foram obrigado a dar carona a estranhos pelo caminho para cumprir a exigência de levar ao menos quatro passageiros. Por cada dia parado, o sistema perdeu US$ 400 milhões. A greve anterior havia ocorrido em 1980 e durado 11 dias.


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