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NO IRAQUE
Principais lideranças iraquianas permanecem leais ao ditador e se dizem prontos para guerra; vice nega deserção
Parlamento declara lealdade a Saddam
DA REDAÇÃO
As principais autoridades iraquianas permaneciam leais ao ditador Saddam Hussein ontem, poucas horas antes de os primeiros ataques aéreos norte-americanos atingirem Bagdá.
O Parlamento do Iraque declarou lealdade ao ditador e recusou-se, por unanimidade, a aceitar o
ultimato imposto pelo presidente
dos EUA, George W. Bush, para
que Hussein deixasse o país junto
com sua família e aliados. A mesma atitude foi tomada por outras
lideranças do país em meio a informações de que o vice-premiê
de Saddam teria desertado, o que
acabou não se confirmando.
O ditador também manteve
inalterada a sua decisão de permanecer no país diante da ameaça americana, rejeitando ofertas
de exílio feitas oficialmente pelo
Bahrein e por outros países do
golfo Pérsico.
"Nós estamos decididos a nos
martirizar para defender o Iraque
sob a sua liderança", afirmaram
os parlamentares em mensagem
para Saddam. O chefe do Parlamento, Saadoon Hammadi, abriu
a sessão extraordinária afirmando que "os iraquianos, com uma
vontade livre e honesta, falaram
de forma decisiva e clara que escolhem lutar pelo líder Saddam
Hussein, presidente do país".
"O Iraque é Saddam e Saddam é
o Iraque. Nós não abandonaremos nem o Iraque, nem Saddam", afirmou Hammadi. Estavam presentes ao Parlamento os
250 deputados que o compõe. Segundo o chefe do Parlamento,
"Saddam está a frente de todos.
Ele guiará o país para a vitória."
Durante a sessão, em vários momentos, os parlamentares entoavam gritos de apoio ao ditador:
"Nós sacrificaremos nosso sangue e nossa alma por Saddam".
O Parlamento do Iraque é quase
uma peça figurativa na escala de
poder do país. Acima dele está o
partido governista Baath e o Conselho Revolucionário, ambos presididos por Saddam.
Porém a demonstração de
apoio é um sinal de que o ditador
ainda mantinha o poder horas antes de vencer o prazo do ultimato
americano a ele.
Rumores de deserção
O vice-premiê, Tariq Aziz, um
dos homens mais fortes de Saddam e de origem cristã, ao contrário da maioria do governo, que é
muçulmana, também foi à TV para mostrar lealdade ao líder.
Durante o dia, haviam surgido
rumores de que Aziz teria desertado e se exilado na Jordânia.
"Esses rumores, sobre a minha
partida, se inscrevem no marco
da guerra psicológica que leva a
cabo os EUA para tentar sabotar o
moral do povo iraquiano", disse.
Descartando a possibilidade de
Saddam se render e, desse modo,
evitar uma guerra, o vice-premiê
disse: "Está claro que é impossível
que nosso ilustre líder deixe o Iraque. Essa não será uma guerra
curta. A não ser que Bush decida
encerrar a sua agressão. Não será
um piquenique".
"Estou carregando a minha pistola para confirmar para vocês
que nós estamos prontos para lutar contra os agressores", acrescentou Aziz. Segundo ele, "os soldados americanos não são nada
mais do que mercenários e serão
derrotados".
A saída de Aziz seria considerada uma grande perda para Saddam. Ele é um dos mais hábeis
políticos e negociadores do país.
Aliado do ditador, ele nunca ofereceu perigo à sua liderança. Saddam sempre soube que o fato de
Aziz ser cristão tornava impossível ele chegar um dia ao topo do
poder no Iraque.
O ministro da Informação iraquiano, Mohammed Saeed al Sahaf, disse que os comandantes
militares dos EUA e do Reino
Unido estavam mentindo ao dizer para seus subalternos que a vitória sobre o Iraque será fácil.
Com agências internacionais
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