São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China rastreia vilarejos do Tibete para conter revoltas

Dalai-lama pede pressão internacional por diálogo, e o papa lamenta violências

Premiê britânico obtém da China a promessa de abrir canal de comunicação com o líder budista; ONU se opõe ao boicote das Olimpíadas

DA REDAÇÃO

A China anunciou ontem ter enviado contingentes para rastrear pequenas aldeias do Tibete e regiões vizinhas, procurando neutralizar o prosseguimento dos protestos que o governo insiste ter um saldo nos últimos dez dias de 16 mortos e 325 feridos. Grupos de oposição e entidades humanitárias mencionam no mínimo 99 mortes.
O prosseguimento da operação de enquadramento dos monges budistas e autonomistas tibetanos coincide com o anúncio feito ontem em Pequim de que o Tibete não será excluído do trajeto da tocha olímpica. Em maio um grupo de atletas deverá levá-la até as encostas do Everest. As Olimpíadas serão em agosto.
A agência oficial Xinhua anunciou que 170 pessoas, sobretudo em Lhasa, a capital tibetana, entregaram-se à polícia por terem praticado violências.
Anteontem novos incidentes se produziram na cidade de Hezuo, Província de Gansu, quando um grupo de manifestantes queimou uma bandeira chinesa, invadiu um prédio governamental e foi violentamente dispersado pela polícia.
A cena, testemunhada por equipe da TV canadense e retomada pela BBC, é uma das poucas disponíveis, em razão da decisão chinesa de proibir a entrada de jornalistas na região.

Violência em Lhasa
Também na terça-feira a polícia rapidamente dissolveu uma pequena manifestação em Lhasa, segundo relato do funcionário de uma multinacional de refrigerantes.
A agência Xinhua limitou-se a afirmar, de modo genérico, que a polícia tomou medidas em Gansu para "manter a ordem social e preservar a segurança das pessoas".
Analistas acreditam que o governo chinês esteja reassumindo o controle do Tibete e de quatro Províncias vizinhas que concentram os 5,4 milhões de etnicamente tibetanos.
O papa Bento 16 rompeu o silêncio que observava com a crise e exortou as partes envolvidas ao "diálogo e à tolerância".
O dalai-lama, líder espiritual do Tibete, pediu ontem que os dirigentes mundiais o auxiliem a pôr fim à crise por meio de um diálogo com Pequim. "Estamos comprometidos com a busca de uma solução mutuamente benéfica para a questão tibetana", disse ele, em nota publicada em Dhatramshala, ao norte da Índia, onde ele está exilado.
Na mesma nota, pediu que as autoridades chinesas reajam "com moderação" e que reservem tratamento humano aos manifestantes presos.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, telefonou a seu colega chinês, Wen Jiabao, obtendo dele a informação de que Pequim pretende discutir com o dalai-lama uma solução para o Tibete caso os manifestantes renunciem à violência. Brown também disse que pretende reunir-se proximamente com o líder budista, o que desagradou o governo chinês.
Em Washington, comentando o contato feito por Brown, o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey, reiterou que os Estados Unidos encorajam o diálogo entre o governo chinês e o dalai-lama.
Em Berlim, Willi Lemke, representante para questões de esporte do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse se opor ao boicote das Olimpíadas como protesto contra a repressão ao Tibete. "O boicote não produziria os resultados desejados", afirmou ele.


Com agências internacionais


Texto Anterior: França 2: Mulher que teve eutanásia negada é encontrada morta
Próximo Texto: Conflito colombiano: Farc atribuem ataque a EUA e negam ter ajuda de Caracas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.