|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
China rastreia vilarejos do Tibete para conter revoltas
Dalai-lama pede pressão internacional por diálogo, e o papa lamenta violências
Premiê britânico obtém da
China a promessa de abrir
canal de comunicação com o
líder budista; ONU se opõe
ao boicote das Olimpíadas
DA REDAÇÃO
A China anunciou ontem ter
enviado contingentes para rastrear pequenas aldeias do Tibete e regiões vizinhas, procurando neutralizar o prosseguimento dos protestos que o governo
insiste ter um saldo nos últimos dez dias de 16 mortos e 325
feridos. Grupos de oposição e
entidades humanitárias mencionam no mínimo 99 mortes.
O prosseguimento da operação de enquadramento dos
monges budistas e autonomistas tibetanos coincide com o
anúncio feito ontem em Pequim de que o Tibete não será
excluído do trajeto da tocha
olímpica. Em maio um grupo
de atletas deverá levá-la até as
encostas do Everest. As Olimpíadas serão em agosto.
A agência oficial Xinhua
anunciou que 170 pessoas, sobretudo em Lhasa, a capital tibetana, entregaram-se à polícia
por terem praticado violências.
Anteontem novos incidentes
se produziram na cidade de Hezuo, Província de Gansu, quando um grupo de manifestantes
queimou uma bandeira chinesa, invadiu um prédio governamental e foi violentamente dispersado pela polícia.
A cena, testemunhada por
equipe da TV canadense e retomada pela BBC, é uma das poucas disponíveis, em razão da decisão chinesa de proibir a entrada de jornalistas na região.
Violência em Lhasa
Também na terça-feira a polícia rapidamente dissolveu
uma pequena manifestação em
Lhasa, segundo relato do funcionário de uma multinacional
de refrigerantes.
A agência Xinhua limitou-se
a afirmar, de modo genérico,
que a polícia tomou medidas
em Gansu para "manter a ordem social e preservar a segurança das pessoas".
Analistas acreditam que o governo chinês esteja reassumindo o controle do Tibete e de
quatro Províncias vizinhas que
concentram os 5,4 milhões de
etnicamente tibetanos.
O papa Bento 16 rompeu o silêncio que observava com a crise e exortou as partes envolvidas ao "diálogo e à tolerância".
O dalai-lama, líder espiritual
do Tibete, pediu ontem que os
dirigentes mundiais o auxiliem
a pôr fim à crise por meio de um
diálogo com Pequim. "Estamos
comprometidos com a busca de
uma solução mutuamente benéfica para a questão tibetana",
disse ele, em nota publicada em
Dhatramshala, ao norte da Índia, onde ele está exilado.
Na mesma nota, pediu que as
autoridades chinesas reajam
"com moderação" e que reservem tratamento humano aos
manifestantes presos.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, telefonou a
seu colega chinês, Wen Jiabao,
obtendo dele a informação de
que Pequim pretende discutir
com o dalai-lama uma solução
para o Tibete caso os manifestantes renunciem à violência.
Brown também disse que pretende reunir-se proximamente
com o líder budista, o que desagradou o governo chinês.
Em Washington, comentando o contato feito por Brown, o
porta-voz do Departamento de
Estado, Tom Casey, reiterou
que os Estados Unidos encorajam o diálogo entre o governo
chinês e o dalai-lama.
Em Berlim, Willi Lemke, representante para questões de
esporte do secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, disse se
opor ao boicote das Olimpíadas
como protesto contra a repressão ao Tibete. "O boicote não
produziria os resultados desejados", afirmou ele.
Com agências internacionais
Texto Anterior: França 2: Mulher que teve eutanásia negada é encontrada morta Próximo Texto: Conflito colombiano: Farc atribuem ataque a EUA e negam ter ajuda de Caracas Índice
|