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1º militar julgado por tortura pega 1 ano
DA REDAÇÃO
A primeira corte marcial para
julgar a tortura de iraquianos por
soldados dos EUA resultou ontem em pena máxima, mas não
aplacou a revolta de iraquianos
que protestavam em frente à prisão bagdali de Abu Ghraib, palco
dos abusos. Em Washington, um
chefe das Forças Armadas prometeu uma investigação completa de "toda a cadeia de comando".
O recruta Jeremy Sivits, 24, foi
condenado a um ano de reclusão,
teve a patente rebaixada e foi dispensado por má conduta. No protesto em Abu Ghraib, que reuniu
cerca de 200 pessoas, alguns pediam penas mais duras.
Graças a um acordo com promotores, dentro do qual Sivits denunciou colegas, ele sofreu acusações mais brandas do que os outros seis militares indiciados até
agora: maus-tratos, conspiração
para maltratar prisioneiros e
abandono do cargo. O recruta,
que se declarou culpado, é o autor
de várias das fotos de abusos, sendo a mais célebre a que mostra
iraquianos nus empilhados como
se fossem sacos de farinha.
"Gostaria de me desculpar com
o povo iraquiano e os prisioneiros. Deveria tê-los protegido, não
tirado fotos", disse Sivits, chorando. Em Hyndman (Pensilvânia),
sua cidade natal, mais de 200 pessoas fizeram uma vigília, usando
pequenas bandeiras dos EUA e fitas amarelas em apoio. Perto da
casa do recruta, havia um cartaz
com os dizeres: "Jeremy Sivits, herói de nossa cidade".
O recruta deve ser levado para
uma prisão militar na Alemanha
ou nos EUA após a sentença ser
revista pelo comandante das tropas no Iraque e por uma corte militar de apelação em Washington.
Cadeia de comando
Os sargentos Charles Graner,
descrito por Sivits como "o chefe
do bando", Ivan Frederick e Javal
Davis se recusaram a se declarar
ao tribunal. Eles voltam a se apresentar no dia 21 de junho. Aguardam a data do julgamento as soldados Lynndie England, Sabrina
Harman e Megan Ambuhl.
O governo dos EUA tem sido
acusado de usar Sivits e os demais
como bodes expiatórios, aplicando-lhes punições exemplares para atenuar o prejuízo à sua imagem e evitar que o escândalo chegue a postos mais altos na Defesa.
A posição de Washington é a de
que os abusos foram cometidos
por um grupo restrito de soldados
-versão endossada pelo depoimento de Sivits e pelo relatório do
general Antonio Taguba, que cita
apenas "falha de comando" na esfera mais baixa- apesar de o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Anistia Internacional
afirmarem que as práticas eram
sistemáticas e generalizadas.
Mas os depoimentos de dois
dos principais comandantes americanos ante o Congresso podem
indicar uma reversão da situação.
Segundo o general John Abizaid, chefe do Comando Central
americano no Oriente Médio, os
militares investigaram 75 casos de
abusos no Iraque e no Afeganistão desde o fim de 2002. Já o general Ricardo Sanchez, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas,
disse que militares já repreendidos podem ainda ser indiciados e
que toda a cadeia de comando militar será investigada. "Incluindo
eu mesmo", afirmou.
Os militares disseram que novas
fotos de abusos foram encontradas, mas não deram detalhes.
Com agências internacionais
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