São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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AMÉRICA LATINA

Ex-general quer voltar em junho; Assunção prepara sua prisão

Oviedo anuncia volta ao Paraguai

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Exilado no Brasil desde 2000, o ex-general Lino Oviedo, 60, afirmou ontem que regressará ao Paraguai no mês que vem, onde foi condenado por uma tentativa de golpe em 1996 e é acusado de ter sido o mandante do assassinato do vice-presidente Luís Maria Argaña em 1999. A intenção de Oviedo motivou Assunção a montar um esquema especial para prendê-lo, segundo a mídia local.
Ontem, Oviedo foi recebido em Brasília pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto.
Segundo a assessoria do ministério, o ex-general fez três solicitações para sua volta ao Paraguai: garantia de integridade física, responder na Justiça pelas acusações e ser acompanhado por um representante do governo brasileiro. Barreto se comprometeu a analisá-las, mas não disse quando decidirá sobre os pedidos.
Hoje, o ex-general falará na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
Em entrevista à Folha por telefone, Oviedo disse que voltará ao Paraguai "na segunda quinzena de junho" por avião comercial. O dia exato será decidido pelo seu partido, o oposicionista Unace (União Nacional dos Cidadãos Éticos), no dia 13 de junho.
"Volto para reivindicar meus direitos e para demonstrar aos meus compatriotas, aos meus amigos e à minha família que não sou assassino, golpista", disse.
O ex-general nega envolvimento com a morte de Argaña e alega que foi vítima de um complô político para afastá-lo do país.
O ex-general disse que agora confia na Justiça paraguaia. "Seis membros do Supremo Tribunal de Justiça [STJ] paraguaio foram afastados por terem cometido penalidades [no ano passado]."
A volta de Oviedo tem causado preocupação ao governo paraguaio. Segundo o influente diário paraguaio "ABC Color", o comandante das Forças Armadas, José Key Kanazawa, ordenou a mobilização de suas tropas para prender Oviedo. A preparação, supostamente secreta, foi intitulada "Plano de Operações nš 1".
Recentemente, o STJ tem dado sinais de que as acusações contra Oviedo podem ser retiradas.
Apesar da tensão que cerca a volta de Oviedo, sua força política saiu abalada da eleição presidencial do ano passado, quando Nicanor Duarte Frutos foi eleito. O candidato do ex-general, Guillermo Sánchez Guffanti, amargou um quarto lugar.


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