São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Teerã reage de maneira dúbia a americano

DA EFE

Num sinal de divergências internas, o governo iraniano emitiu ontem sinais contraditórios após as declarações feitas na véspera pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de que "não vai conversar para sempre" com Teerã, mas que espera que sua política de aproximação diplomática dê frutos até o fim deste ano.
Mantendo o ceticismo inicial em relação a Obama, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, acusou a Casa Branca de promover o terrorismo no Iraque e de usar armas e dinheiro para conspirar contra os interesses da república islâmica.
As declarações de Khamenei foram feitas em visita a uma Província que faz fronteira com o Iraque. Ele não fez menção direta às declarações de Obama.
Potências ocidentais acusam o Irã de pretender enriquecer urânio para produzir bombas atômicas. Teerã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia e negocia uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente linha-dura Mahmoud Ahmadinejad e o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, também criticaram os EUA e exigiram a saída das tropas americanas do vizinho Iraque.
"A presença dos arrogantes no Iraque permite sua interferência nos assuntos daquele país. Felizmente, essas potências arrogantes estão em decadência", disse Ahmadinejad, que ontem recebeu o chanceler iraquiano.
Já o tom do ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, foi mais conciliador. Minimizando o alerta feito por Obama, ele disse que recebe "com satisfação as mudanças na linguagem dos EUA", mas cobrou "mudanças práticas".
O descompasso no discurso oficial traduz o embate entre partidários da posição confrontativa e defensores de trato pragmático com o Ocidente.


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