|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obama se compromete com ampla reforma migratória
Irregulares devem pagar impostos e aprender inglês para obter cidadania, diz presidente
Democrata não estipula um prazo para implementação do projeto, que ele deve debater com líderes do Congresso na quinta-feira
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Em discurso para a comunidade latina ontem em Washington, o presidente dos EUA,
Barack Obama, reiterou a disposição de cumprir uma de
suas promessas de campanha, a
aprovação da reforma migratória -vista como um caminho
para obtenção de cidadania no
país, hoje com cerca de 12 milhões de imigrantes irregulares.
Obama afirmou que é preciso
manter para a próxima geração
a promessa de uma nação de
leis e de imigrantes. Disse que
os aspectos não são contraditórios, e sim complementares. "É
por isso que estou comprometido a aprovar uma abrangente
reforma migratória."
Segundo Obama, o povo
americano é favorável à imigração, mas não pode tolerar entradas irregulares e muito menos que empregadores aproveitem essa mão de obra para oferecer salários reduzidos. Destacou que o país precisa reforçar
a segurança na fronteira e esclarecer o status dos milhões de
irregulares, que, em muitos casos, já criaram raízes no país.
"Aos que desejam se tornar
cidadãos, devemos exigir uma
penalidade e que paguem impostos, aprendam inglês e vão
para o fim da fila, atrás daqueles que agem de acordo com todas as regras."
No discurso, Obama destacou que é filho de um imigrante
que foi para os EUA em busca
de um futuro melhor. "Assim
como gerações de americanos,
eu pude contar com a promessa
básica de que não importa como você é ou de onde você vem,
os EUA deixarão você ir até onde os seus sonhos e o seu trabalho duro te levarem", disse.
Durante o discurso de ontem, ele chegou a afirmar que
está confiante em que o país
ainda terá um presidente de
origem latina.
A reforma migratória era um
tema também defendido pelo
ex-presidente George W. Bush
(2001-2009), que não conseguiu levar a proposta adiante.
Em 2006 e 2007, ela fracassou
em votações no Legislativo.
Como senador por Illinois,
Obama votou em 2007 a favor
da reforma migratória e fez dela um de seus temas de campanha. Obama recebeu o apoio de
66% dos cerca de 10 milhões de
eleitores latinos registrados no
país durante a eleição.
Sem prazo
Apesar do discurso favorável
à reforma, especialistas destacam que, a exemplo do que fizera anteriormente, Obama não
se comprometeu com datas para a sua implementação.
O porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, afirmou que o
presidente se reunirá na próxima quinta-feira com líderes do
Congresso para analisar a reforma. O governo está consciente de que não conta com todos os votos. "A reunião será
para continuar as conversas
com a esperança de abrir o debate mais tarde neste ano",
afirmou Gibbs.
Para Edward Alden, do
Council on Foreign Relations,
Obama tem outras prioridades
no momento -a aprovação da
reforma do sistema de saúde, a
questão energética e o plano de
regulamentação financeira. Assim, a reforma migratória tende a ficar em segundo plano.
"O perigo da regulamentação
é estimular a vinda de mais irregulares, e o princípio da reforma é justamente quebrar esse padrão. Obama terá de convencer a população de que desta vez haverá aplicação mais
forte da lei, principalmente no
local de trabalho, para evitar
que empresas contratem irregularmente", disse ele à Folha.
Segundo Alden, é preciso
deixar claro para o país que a
obtenção da cidadania americana será um processo longo e
difícil para qualquer imigrante.
Caso contrário, a reforma não
terá chance de ser aprovada.
Texto Anterior: Google lança tradutor de persa para que Irã "fale com o mundo" Próximo Texto: Bush critica sucessor; Casa Branca rebate Índice
|