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Sigilo envolve partida de soldados
FOX BUTTERFIELD
DO "THE NEW YORK TIMES", EM CLARKSVILLE (EUA)
Judy Pryor não apareceu para
dar sua aula de aeróbica no
Clarksville Athletic Club, domingo à noite. Ela se desculpou com
os alunos no dia seguinte. Estava
se despedindo do marido, membro do 5º Grupo de Forças Especiais, uma das unidades dos Boinas Verdes do Exército norte-americano baseada em Fort
Campbell, na fronteira entre o
Tennessee e o Kentucky. Ele recebera ordens de partida para operações no Afeganistão.
Depois que os ataques aéreos
contra alvos do Taleban no Afeganistão presumivelmente amaciaram as defesas antiaéreas do inimigo, a expectativa dominante é
de que unidades de comandos comecem sua busca por Osama bin
Laden em breve, e que algumas
delas venham de Fort Campbell,
mais conhecido como base da
101ª Divisão Aeroterrestre, os
"Screaming Eagles" ["Águias Gritadoras"".
Mas ao contrário do deslocamento integral da 101ª Divisão
Aeroterrestre realizado durante a
Guerra do Golfo, em 1991, com
grandes aviões de transporte da
Força Aérea carregando milhares
de soldados do campo de pouso
de Fort Campbell para a região de
combate, as unidades de forças
especiais estão partindo em silêncio, sem grandes celebrações e da
maneira mais sigilosa possível.
O marido de Laura Skelly, capitão no 5º Grupo de Forças Especiais, partiu quase imediatamente
depois dos ataques terroristas
contra o World Trade Center e o
Pentágono, em 11 de setembro,
sendo deslocado para algum lugar no Uzbequistão, a ex-república soviética localizada na fronteira norte do Afeganistão, segundo
ela. O marido de Lisa Kirkland,
sargento especialista Sean Kirkland, do 5º Grupo de Forças Especiais, partiu em 1º de outubro.
Kirkland, cujo marido é um atirador de elite, disse que não sabia
onde ele estava. Ele vinha enviando mensagens por e-mail e telefonando para ela todos os dias.
"Isso é meio assustador", diz Lisa Kirkland. "Talvez eles estejam
entrando em ação."
O sargento Kirkland estava entusiasmado com a perspectiva de
ir para a guerra, diz sua mulher,
recepcionista no Conselho de Desenvolvimento Econômico de
Clarksville. A cidade, com 104 mil
habitantes, fica ao lado do Fort
Campbell, e é a que cresce mais
rápido no Tennessee. O Exército é
a força central da economia local.
"É algo que ele deseja fazer desde os cinco anos de idade, quando
vivia em Wyandotte, Michigan,
juro", diz Kirkland sobre o marido e a reação dele quando soube
que iria para a guerra. Eles têm
uma fotografia do sargento Kirkland aos cinco anos de idade, segurando um rifle de brinquedo e
usando uniforme. "Agora ele estava realmente ansioso."
A companhia do sargento Kirkland treinou no Uzbequistão durante quatro meses, a partir do segundo trimestre do ano passado,
de acordo com a mulher dele.
Quanto aos seus sentimentos,
Lisa Kirkland diz estar "dividida".
"Estou feliz por ele poder fazer
aquilo para o que foi treinado e se
esforçou tanto por fazer, mas não
se trata de uma brincadeira".
A mulher que trabalha na Universidade Austin Peay, cujo marido é primeiro-sargento nas Forças Especiais, diz que ela e o marido, ambos de Springdale, Arkansas, assistiram à série ""Band of
Brothers", exibida pelo canal
HBO, sobre as realizações da 101ª
Divisão Aeroterrestre no teatro
europeu da Segunda Guerra
Mundial. ""Ele adora, e assistir
àquilo, ver todas as táticas, foi algo
que o ajudou."
Tradução de Paulo Migliaccio
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