São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2001

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União Européia mantém apoio a ataques, apesar de divergências

MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES

Líderes dos 15 países da União Européia (UE) voltaram a se declarar ao lado dos EUA em sua ofensiva contra o terrorismo e se comprometeram a trabalhar sob a coordenação da ONU "para a criação de um novo governo estável" no Afeganistão.
Porém adotaram uma posição menos agressiva contra o regime afegão que a desejada por britânicos e norte-americanos.
Após pressões de alguns Estados menores da UE, mais cautelosos em relação ao conflito, trecho de um documento conjunto assinado ontem, que dizia que a derrubada do Taleban era um "objetivo legítimo", foi suprimido.
No encontro extraordinário realizado em Ghent, na Bélgica, os governantes tentaram mostrar ao mundo a imagem de uma Europa unificada contra o terror e convicta em seu apoio aos EUA.
O documento final expressou "solidariedade total" e "apoio inequívoco" às ações norte-americanas, mas colocou como "a mais alta prioridade" a ajuda humanitária aos refugiados afegãos.
Embora o tom oficial confirmasse os planos de apresentar coesão política, divergências dividindo três dos mais fortes integrantes do bloco dos demais deram indícios de que a Europa segue tendo dificuldades para falar com uma só voz.
Apesar de críticas feitas um dia antes pelo presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, os chefes de Estado de França, Alemanha e Reino Unido levaram adiante os planos de realizar um encontro fechado uma hora antes do início da cúpula dos 15 países.
O presidente francês, Jacques Chirac, o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, e o premiê britânico, Tony Blair, justificaram a reunião dizendo que, por dirigirem os três únicos países da UE que se comprometeram a usar tropas e equipamentos próprios no conflito, tinham de tratar de assuntos de inteligência e cooperação militar que não diziam respeito aos demais.
A Itália foi uma das nações influentes do bloco que mais ficou insatisfeita ao ser deixada de fora do pequeno clube. Os jornais italianos diziam ontem que a decisão era um "tapa na cara" do premiê Silvio Berlusconi.
Visivelmente contrariado pelo episódio, Berlusconi disse que tinha "coisas mais importantes para fazer" e, por essa razão, não tinha interesse em estar no encontro com Blair, Schröder e Chirac.
A minicúpula também discutiu as consequências dos atentados ao mercado financeiro europeu.


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