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MISSÃO NO CARIBE
Relatórios da inteligência militar prevêem aumento de violência contra as tropas brasileiras em Porto Príncipe
Brasil envia mediador político ao Haiti
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MARATAÍZES (ES)
Preocupado com a instabilidade
no Haiti -relatórios militares recentes falam em risco crescente de
brasileiros serem vítimas de emboscada no país caribenho-, o
governo Lula vai enviar nesta semana um emissário ao país.
Convidado pelo chanceler Celso
Amorim, Ricardo Seitenfus, 56,
especialista em relações internacionais, deve chegar amanhã a
Porto Príncipe, onde ficará inicialmente por três semanas.
Segundo o senador Eduardo
Suplicy (PT-SP), Lula também
decidiu enviar Marco Aurélio
Garcia. "O próprio presidente Lula considerou importante designar uma pessoa, no caso o assessor especial Marco Aurélio Garcia, para ir ao Haiti dialogar com
todas as forças, inclusive com o
embaixador Juan Gabriel Valdés,
em um período próximo", disse o
senador. As conversas de Garcia
abordarão o reforço das tropas da
ONU no país. A viagem do assessor deve ser realizada no final da
semana que vem.
Seitenfus fará parte de uma
equipe de três pessoas ligada ao
chileno Valdés, chefe diplomático
da Minustah (Missão da ONU de
Estabilização no Haiti). O Brasil
exerce a chefia militar e mantém
1.200 homens no país.
Autor do livro "Haiti: A Soberania dos Ditadores", Seitenfus é
doutor em relações internacionais pela Universidade de Genebra e diretor da Faculdade de Direito de Santa Maria.
Segundo ele, que defende a participação do Brasil na Minustah,
seu papel será fazer uma avaliação
política e conversar com "todos
os atores" do país.
Relatórios feitos recentemente e
enviados ao Brasil pelo serviço de
inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais, que integra a missão
de paz no Haiti, indicam que, nos
próximos seis meses, aumentará
o risco de as tropas brasileiras serem vítimas de emboscadas na região de Porto Príncipe.
Essa análise tem origem no acirramento dos confrontos entre as
tropas do governo, as forças rebeldes e os grupos de ex-militares.
Ao menos seis pessoas ficaram feridas ontem em Porto Príncipe
durante confronto da polícia haitiana e tropas da ONU com supostos apoiadores do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
"A partir dos relatórios fazemos
análises das ações que estão se desenhando no Haiti. Uma das conclusões é a de que eles já estão começando a fazer emboscadas, disse o capitão-de-mar-e-guerra Oswaldo Queiroz de Castro, 50, comandante do segundo contingente de 246 fuzileiros que, a partir de
dezembro, substituirão os colegas
que integram a missão há quase
cinco meses.
Embora diga que as tropas brasileiras ainda não são o alvo preferencial dos rebeldes, Queiroz reconhece que os confrontos dos
quais os fuzileiros e militares do
Exército têm participado estão se
tornando mais constantes.
O serviço de inteligência da Marinha tem produzido relatórios
diários sobre a situação política
no Haiti, transmitidos on-line a
partir da base dos fuzileiros em
Porto Príncipe. Contatos por rádios entre o Haiti, o comando da
Marinha, em Brasília, e a Força de
Fuzileiros da Esquadra, em Duque de Caxias (região metropolitana do Estado do Rio), também
estão ocorrendo diariamente.
As informações são passadas
por Brasília e Duque de Caxias ao
acampamento montado pela Marinha na praia de Itaoca (município de Itapemirim, litoral sul do
Espírito Santo). Desde o último
dia 13, o Corpo de Fuzileiros realiza na região de Marataízes (cidade a 120 km de Vitória) simulações de atividades com que os fuzileiros irão se defrontar no Haiti.
Os EUA suspenderam ontem
um embargo de 13 anos ao comércio de armas com o Haiti, de
acordo com autoridades do país
caribenho. Em setembro, o premiê interino, Gerard Latortue, havia criticado o embargo, afirmando que ele minava os esforços para restabelecer a estabilidade.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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