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Morre aos 95 Garganta Profunda, o algoz de Nixon
Ex-número 2 do FBI foi a fonte do repórter Bob Woodward no escândalo de Watergate
Mark Felt, que revelou sua identidade apenas em 2005, forneceu informações de bastidores sobre abuso de poderes pela Casa Branca
John G. Mabanglo-31.mai.05/Efe
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Mark Felt, que surpreendeu ao revelar ser o Garganta Profunda
DO "NEW YORK TIMES"
William Mark Felt, que era o
número 2 do FBI quando ajudou a derrubar o presidente Richard Nixon ao resistir ao acobertamento de Watergate e
tornar-se Garganta Profunda, a
mais famosa fonte anônima na
história dos EUA, morreu anteontem. Tinha 95 anos e vivia
em Santa Rosa, Califórnia.
Em 2005, Felt revelou que
foi ele quem deu a Bob Woodward, do "Washington Post",
informações cruciais sobre o
caso Watergate, no início dos
anos 70. Sua decisão de revelar
sua identidade, em artigo na
"Vanity Fair", pôs fim a mais de
30 anos de suspense -e surpreendeu até mesmo a Woodward e seu parceiro na cobertura do caso Watergate, Carl
Bernstein, que respeitavam a
promessa de não revelar quem
era a fonte até sua morte.
Felt exerceu papel duplo na
queda de Nixon. Como informante secreto, manteve o assunto vivo na imprensa. Como
diretor associado do Birô Federal de Investigações, onde começou a trabalhar em 1942,
combateu os esforços do presidente para obstruir a investigação feita pelo FBI do arrombamento do edifício Watergate.
Sem ele, talvez não tivesse
havido Watergate -o escândalo de abuso do poder presidenciais por Nixon, incluindo
grampos de telefones, furtos e
lavagem de dinheiro.
Foi no início da década de 70,
em uma visita à Casa Branca,
que Felt conheceu por acaso
um tenente da Marinha que entregava mensagens sigilosas a
funcionários do Conselho Nacional de Segurança. O jovem
era Bob Woodward, que, ambicioso, pediu conselhos de carreira a Felt e deixou a Casa
Branca com seu telefone.
Quando Edgard Hoover morreu, e seu braço direito, Clyde
Tolson, se aposentou, Felt imaginou que o caminho rumo ao
poder estivesse livre. Mas Nixon o preteriu, e, no verão americano de 1972, Felt fervia de
ambição frustrada.
Algumas semanas depois,
após o arrombamento no edifício Watergate, Woodward, então jornalista novato, bateu à
sua porta em busca de informações sobre o caso. Felt decidiu
cooperar e criou um sistema de
técnicas de espionagem para
manter encontros secretos
com Woodward em um estacionamento subterrâneo. O
editor Howard Simons, do
"Post", criou seu famoso pseudônimo, inspirado no filme
pornográfico "Garganta Profunda", em voga na época.
Em junho de 1973, Felt foi
forçado a deixar o FBI. Pouco
depois, começou a ser investigado por suspeita de vazar informações não ao "Washington
Post", mas ao "New York Times". Ele passou boa parte do
meio da década de 70 depondo
em segredo ao Congresso sobre
abusos de poder no FBI.
Milhões de pessoas o conheceram como a figura misteriosa
que, no filme "Todos os Homens do Presidente" (1976), dá
a Robert Redford (Woodward)
a famosa pista: "Siga o dinheiro". Felt nunca disse isso. É
parte do mito em torno do Garganta Profunda.
Tradução de CLARA ALLAIN
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