São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Só minoria usa programas para driblar bloqueios

DE PEQUIM

A censura de Pequim é um sucesso quando se analisa a penetração do Twitter e do Facebook na China - país de maior população de internautas, com 370 milhões de usuários.
O bloqueado Twitter, por exemplo, tem 409 mil perfis na China, quase um milésimo dos internautas chineses. E só uma parcela pequena é ativa. No Irã, onde o Twitter também é proibido, há 1,4 milhão de usuários, apesar de a população ser 20 vezes menor que a chinesa.
Depois de ser proibido em julho, o Facebook também encolheu. De 280 mil perfis ativos, despencou para 14 mil usuários regulares. No Irã, onde o Facebook é igualmente bloqueado, há 800 mil contas ativas.
Para especialistas em internet chinesa, apenas uma pequena minoria usa softwares para driblar a censura. Aplicativos como Tor, UltraSurf e FreeGate criam uma rede de nós anônimos por onde o tráfego da rede passa criptografado.
Como os censores estão sempre decodificando esses atalhos, há uma necessidade periódica de atualizá-los.
O Tor pode ser recebido por e-mail e baixado no computador. Como vingança contra seu banimento da China, o grupo religioso Falun Gong produz vários desses aplicativos.
"Ao contrário dos EUA, onde 65% dos internautas têm mais de 35 anos, na China 74% têm menos de 34", diz o especialista Hong Bo. "As maiores atividades na internet chinesa são o download de músicas, os jogos virtuais e a comunicação instantânea com pequenos grupos de amigos e parentes. Comunidades virtuais no estilo do Facebook são um fracasso." Até 34% dos internautas chineses têm menos de 19 anos.
Outra prova de como a censura funciona aconteceu durante o debate em que o presidente americano Barack Obama quis ter com universitários em Xangai. O governo chinês decidiu não televisionar o evento, mas a Casa Branca transmitiu o debate ao vivo em seu site. Só 7.000 pessoas acessaram a partir da China.
Por temor aos atalhos anticensura, às vezes o governo chinês adota atitudes extremas e tira toda a rede do ar. Na Província de Xinjiang, a internet está inacessível desde julho, quando conflitos étnicos explodiram entre a minoria uigur e a maioria chinesa han. (RJL)


Texto Anterior: YouTube e Facebook são censurados
Próximo Texto: Fiel da balança chileno vê vitória de suas ideias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.