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IRAQUE SOB TUTELA
Segundo resultados oficiais, aliança religiosa terá de buscar coalizão com minoria sunita ou com curdos
Xiitas vencem eleição legislativa, mas precisarão negociar
DA REDAÇÃO
A aliança de religiosos árabe-xiitas venceu as eleições parlamentares de 15 de dezembro no
Iraque, como se esperava. Mas,
segundo os resultados anunciados ontem pelas autoridades eleitorais locais, a facção perdeu a
maioria absoluta que detinha anteriormente, o que a obrigará a
negociar com curdos, árabes sunitas e árabes xiitas seculares para
formar uma coalizão.
Segundo os números finais da
apuração, o índice de comparecimento ficou em 75%. Os partidos
religiosos xiitas conquistaram 128
dos 275 assentos na Assembléia
Nacional -dez a menos do que o
necessário para ter a maioria. O
segundo maior bloco será a aliança curda, com 53 assentos, seguida pelo principal partido árabe-sunita, a Frente pelo Acordo Iraquiano, que conquistou 44 assentos. Outros partidos sunitas obtiveram mais 11 cadeiras. Já o grupo
do ex-premiê Iyad Allawi, um xiita de linha secular apoiado pelos
EUA, ocupará 25 vagas.
Líderes sunitas e xiitas seculares
haviam acusado os religiosos xiitas de fraude. Mas, de acordo com
a comissão eleitoral, mesmo as
ocorrências comprovadas tinham
efeito limitado sobre o resultado,
sendo insuficientes para justificar
a anulação da votação.
Apesar de reações iniciais negativas após o pleito, muitos líderes
políticos árabe-sunitas que boicotaram as eleições para a assembléia interina há um ano já começaram a discutir seus lugares em
uma coalizão ampla.
"Se chegarmos a um acordo
com nossos irmãos para um projeto nacional patriótico que assegure a unidade do Iraque, seremos parte do governo", disse Saleh al Mutlak, sunita linha-dura.
Os árabes xiitas também estão
dispostos a sentar à mesa. "Agora
que os resultados saíram vamos
começar a falar sério em Bagdá a
respeito da formação de um governo de unidade nacional, com
base nos resultados", disse Abbas
al Bayati, porta-voz da aliança xiita, afirmando que o debate pode
começar já hoje.
Além da composição do novo
governo, também será necessário
discutir eventuais emendas à
Constituição ratificada em plebiscito em outubro passado, em cuja
redação os sunitas tiveram pouquíssima participação.
A expectativa dos EUA, que esperam a melhora da situação de
segurança para começar a retirar
suas tropas do país, é que um governo de coalizão que abrigue todas as facções ponha fim -ou ao
menos atenue- à intensa violência sectária que tomou conta do
Iraque pós-guerra.
Os sunitas, que são minoritários
mas foram privilegiados pela ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), engrossam as fileiras da insurgência desde que perderam o
poder, e sua adesão ao processo
político pode ajudar a reduzir os
constantes ataques.
"Os partidos políticos iraquianos e seus líderes devem se unir
para reforçar seu compromisso
com os princípios democráticos e
a unidade nacional", disse Zalmay Khalilzad, embaixador dos
EUA no Iraque e um dos principais mediadores.
A violência prosseguiu ontem
com a morte de um britânico que
trabalhava para uma empresa de
segurança e mais dois civis em
ataques a bomba em Bagdá.
As forças de segurança estão
procurando o grupo que seqüestrou e ameaçava matar até ontem
a jornalista americana Jill Carroll,
28. Líderes árabe-sunitas, como
Adnan al Dulaimi, se uniram à família da repórter do "Christian
Science Monitor" para apelar por
sua libertação.
Os seqüestradores exigem que
todas as mulheres presas por terrorismo no Iraque sejam soltas.
Os EUA se recusam a negociar.
Com agências internacionais
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