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ORIENTE MÉDIO
Partido de Abbas e grupo terrorista disputam na quarta 132 cadeiras do Parlamento; Peres faz advertência
Hamas e Fatah estão em empate técnico
DA REDAÇÃO
Uma pesquisa publicada ontem
sinaliza um empate técnico nas
intenções de voto entre o Fatah,
partido do presidente Mahmoud
Abbas, e o Hamas, partido islâmico e também organização terrorista. Os palestinos vão às urnas
na próxima quarta-feira para eleger 132 deputados, na primeira
eleição legislativa desde 1996.
Segundo o Centro de Mídia e de
Comunicação de Jerusalém, o Fatah teria 32,3% dos votos, contra
30,2% para o Hamas. O empate é
nítido em razão da margem de erro de 3,5 pontos percentuais para
cima ou para baixo.
O Partido Independente Palestino, dirigido por Mustafá Barghuti, está na terceira colocação, com
12,6%, seguido do grupo marxista
Frente Popular pela Libertação da
Palestina, com 7,6%.
Para completar o quadro, seguem-se a coligação Alternativa,
composta por pequenas formações de esquerda, com 6,1%, e,
por fim, a Terceira Via, que tem
como líder o atual ministro palestino das Finanças, Salam Fayyad.
Pelo sistema eleitoral em vigor,
66 deputados serão eleitos pelas
chapas partidárias, e os 66 restantes pelos distritos eleitorais. É nesse último grupo que o Hamas
acredita que obterá seus melhores
resultados em razão de seu favoritismo nos distritos eleitorais de
Gaza e em parte da Cisjordânia.
O grupo terrorista cresceu nas
últimas semanas sobretudo em
razão do apelo em favor de um
"governo limpo", numa alusão à
corrupção existente dentro da
Autoridade Nacional Palestina,
cuja estrutura burocrática é amplamente controlada pelo Fatah.
O partido de Abbas também está enfraquecido pela concorrência com seus dissidentes. Em Salfit, ao norte da Cisjordânia, há 11
candidatos, um do Hamas, um do
Fatah e os demais que deixaram o
partido dominante durante o
processo de primárias, que eles
acusam de ter sido fraudadas.
Em Israel, Shimon Peres afirmou que Tel Aviv pode negociar
com o Hamas desde que o grupo
islâmico renuncie à violência e desarme seus milicianos depois das
eleições da próxima quarta-feira.
Ele disse em entrevista que, sem
o cumprimento desses requisitos,
qualquer negociação será impossível. "Não nos sentemos para negociar com alguém que traz um
revólver e uma bomba."
Advertências do gênero, no entanto, têm poucos efeitos para
afastar o Hamas de sua ortodoxia.
Ismail Haniyeh, que encabeçará a
chapa do grupo na quarta-feira,
disse à France Presse que, mesmo
com deputados no Parlamento,
ele e seus companheiros não renunciarão à luta armada e se
manterão fieis "à jihad [a guerra
santa, que tem hoje como principal alvo Israel], aos fuzis e à reconquista de Jerusalém".
Haniyeh disse ainda que o Hamas ingressará no Parlamento
"para fazer resistência, e não para
aceitar os Acordos de Oslo", assinados em 1993 e pelos quais a Autoridade Nacional Palestina foi
criada em troca do reconhecimento da existência de Israel.
O Hamas promoveu ontem
seus últimos comícios em Gaza,
que atraíram dezenas de milhares
de simpatizantes que saíam das
mesquitas depois das orações de
sexta-feira.
Na principal passeata, centenas
de jovens marcharam como milicianos, empunhando a bandeira
do partido. Cerimônias parecidas
ocorreram nos campos de refugiados de Jebaliya e Khan Younis,
até há alguns anos verdadeiras
fortalezas da coalizão laica OLP
(Organização para a Libertação
da Palestina), da qual o Fatah era a
mais forte facção.
Com agências internacionais
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