São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 2006

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ORIENTE MÉDIO

Partido de Abbas e grupo terrorista disputam na quarta 132 cadeiras do Parlamento; Peres faz advertência

Hamas e Fatah estão em empate técnico

DA REDAÇÃO

Uma pesquisa publicada ontem sinaliza um empate técnico nas intenções de voto entre o Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas, partido islâmico e também organização terrorista. Os palestinos vão às urnas na próxima quarta-feira para eleger 132 deputados, na primeira eleição legislativa desde 1996.
Segundo o Centro de Mídia e de Comunicação de Jerusalém, o Fatah teria 32,3% dos votos, contra 30,2% para o Hamas. O empate é nítido em razão da margem de erro de 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
O Partido Independente Palestino, dirigido por Mustafá Barghuti, está na terceira colocação, com 12,6%, seguido do grupo marxista Frente Popular pela Libertação da Palestina, com 7,6%.
Para completar o quadro, seguem-se a coligação Alternativa, composta por pequenas formações de esquerda, com 6,1%, e, por fim, a Terceira Via, que tem como líder o atual ministro palestino das Finanças, Salam Fayyad.
Pelo sistema eleitoral em vigor, 66 deputados serão eleitos pelas chapas partidárias, e os 66 restantes pelos distritos eleitorais. É nesse último grupo que o Hamas acredita que obterá seus melhores resultados em razão de seu favoritismo nos distritos eleitorais de Gaza e em parte da Cisjordânia.
O grupo terrorista cresceu nas últimas semanas sobretudo em razão do apelo em favor de um "governo limpo", numa alusão à corrupção existente dentro da Autoridade Nacional Palestina, cuja estrutura burocrática é amplamente controlada pelo Fatah.
O partido de Abbas também está enfraquecido pela concorrência com seus dissidentes. Em Salfit, ao norte da Cisjordânia, há 11 candidatos, um do Hamas, um do Fatah e os demais que deixaram o partido dominante durante o processo de primárias, que eles acusam de ter sido fraudadas.
Em Israel, Shimon Peres afirmou que Tel Aviv pode negociar com o Hamas desde que o grupo islâmico renuncie à violência e desarme seus milicianos depois das eleições da próxima quarta-feira.
Ele disse em entrevista que, sem o cumprimento desses requisitos, qualquer negociação será impossível. "Não nos sentemos para negociar com alguém que traz um revólver e uma bomba."
Advertências do gênero, no entanto, têm poucos efeitos para afastar o Hamas de sua ortodoxia. Ismail Haniyeh, que encabeçará a chapa do grupo na quarta-feira, disse à France Presse que, mesmo com deputados no Parlamento, ele e seus companheiros não renunciarão à luta armada e se manterão fieis "à jihad [a guerra santa, que tem hoje como principal alvo Israel], aos fuzis e à reconquista de Jerusalém".
Haniyeh disse ainda que o Hamas ingressará no Parlamento "para fazer resistência, e não para aceitar os Acordos de Oslo", assinados em 1993 e pelos quais a Autoridade Nacional Palestina foi criada em troca do reconhecimento da existência de Israel.
O Hamas promoveu ontem seus últimos comícios em Gaza, que atraíram dezenas de milhares de simpatizantes que saíam das mesquitas depois das orações de sexta-feira.
Na principal passeata, centenas de jovens marcharam como milicianos, empunhando a bandeira do partido. Cerimônias parecidas ocorreram nos campos de refugiados de Jebaliya e Khan Younis, até há alguns anos verdadeiras fortalezas da coalizão laica OLP (Organização para a Libertação da Palestina), da qual o Fatah era a mais forte facção.


Com agências internacionais

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