São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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entrevista

"Críticos nos EUA são pró-ingerência"

DA REPORTAGEM LOCAL

No México, onde participará da Calc (Cúpula da Unidade da América Latina e Caribe), José Miguel Insulza acusou seus críticos nos EUA de sentirem saudades da OEA intervencionista. (FM)

 

FOLHA - Por que o sr. quer ser reeleito?
JOSÉ MIGUEL INSULZA
- Defendo uma OEA que represente todos os países das Américas, sua diversidade, e não apenas alguns.

FOLHA - Já tem os votos para ser reeleito? Os EUA ainda não declararam apoio e houve duras críticas a sua gestão em setores da mídia e republicanos.
INSULZA
- Tenho os votos para a reeleição. Ainda espero contar com o apoio dos EUA. Quanto às críticas, elas vêm de alguns grupos acostumados a uma outra OEA, que era usada como instrumento de intervenção. São os mesmos que defendiam o governo [golpista de Roberto] Micheletti em Honduras. Dizem que eu sou porta-voz de um grupo [liderado por Hugo Chávez] que nem sequer me declarou apoio. As decisões das quais reclamam -tanto no caso de Cuba como no de Honduras- foram tomadas por consenso, quer eles gostem delas ou não. Estou chateado, irritado. Francamente, ser classificado como "principal responsável" pelas crises? São os atores políticos que são responsáveis pelo que acontece em cada país.

FOLHA - O sr. foi criticado pela atuação na crise hondurenha. Cita-se seu endosso à primeira tentativa de Manuel Zelaya de voltar ao país, de avião.
INSULZA
- É bom que mencione esse episódio: eu jamais propus a volta de Zelaya à força. Muito pelo contrário. Aos presidentes que vieram à assembleia da OEA eu propus que esperassem em El Salvador. Há lições que temos de guardar do caso de Honduras. Se a OEA tivesse mandado uma missão antes, como fizemos no caso da Nicarágua em 2005 [crise que quase derrubou o governo Bolaños (2002-2007)], talvez o desfecho fosse outro.

FOLHA - A oposição venezuelana pede uma missão da OEA para verificar supostos atos de repressão. O que o sr. acha?
INSULZA
- Seria positivo, ajudaria o país.

FOLHA - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos reclama por não ter convite para visitar a Venezuela desde 2004, por exemplo. O sr. é a favor de mudar essa regra?
INSULZA
- A comissão tem feito um trabalho importante [sob as regras atuais]. Já defendi visitas ordinárias da comissão.

FOLHA - Está em sintonia com o novo governo chileno?
INSULZA
- Falam que [Sebastián] Piñera quer reformas na Carta Democrática. Fui o primeiro a pedi-las em 2006.


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