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"Iraque evoluiu", diz embaixadora
DE WASHINGTON
A embaixadora do Iraque para
os EUA, a iraquiana Rend Al-Rahim, passou mais da metade do
ano passado e boa parte dos primeiros meses de 2004 em Bagdá e
em outras cidades da região.
"O Iraque já é um lugar diferente, em evolução", afirma.
Al-Rahim deixou o Iraque há
mais de 30 anos, fugida do regime
de Saddam Hussein, e fundou vários grupos de apoio aos iraquianos até ser designada embaixadora para os EUA, em novembro
passado, pelo conselho que hoje
governa o Iraque.
Leia entrevista concedida por
Al-Rahim à Folha.
(FCz)
Folha - O que mudou no Iraque
após um ano de guerra?
Rend Al-Rahim - No início de
março de 2003, o Iraque era uma
ditadura na qual qualquer atividade política era punida com a
morte. Hoje temos uma evolução
do processo político e uma proliferação de entidades civis que se
organizam para levar o país
adiante.
O Iraque é muito grato aos EUA
e à sua coalizão por terem libertado o país e a seu povo de uma ditadura que nos massacrou por
mais de 35 anos. O povo iraquiano jamais poderia ter feito isso sozinho. Mas ainda precisaremos
dessa ajuda por muito tempo.
A visão que se tem de fora do
Iraque hoje é unilateral. O país
não é como um "Velho Oeste"
onde todos estão se matando no
meio da rua. As pessoas têm vidas
normais e empregos. As crianças
vão às escolas, e as mulheres, às
compras. Há restaurantes e até vida noturna. Algo impensável.
As pessoas que nunca tiveram
um telefone nos melhores anos do
regime de Saddam agora podem
comprar celulares por US$ 200.
Antenas parabólicas proibidas
durante o regime de Saddam estão por toda parte. Estamos começando a ver prosperidade.
Não há violência? Claro que
sim, mas isso é a exceção, e não a
regra do dia-a-dia.
Folha - Apesar de toda a evolução
a que a sra. está se referindo, há
ainda um sentimento antiamericano muito forte no mundo árabe e
no próprio Iraque. Isso vai mudar?
Al-Rahim -Toda a região em torno do Iraque estava muito cética
em relação ao que ocorreria com
o país havia oito ou nove meses.
Eles estavam relutantes em aceitar o que estava acontecendo.
Mas, gradualmente e ao longo dos
últimos meses, está havendo uma
aceitação cada vez maior.
Vários membros do conselho
iraquiano têm visitado os países
vizinhos em missões oficiais e têm
participado de reuniões de países
da Liga Árabe. É um processo que
vai avançar com o tempo.
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