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Colapso do Estado é risco para ambiente
do "Libération"
Mesmo com toda a destruição da
fauna ocasionada pela guerra,
Sead Hadzibdiac, diretor do serviço florestal bósnio, acredita que o
pior ainda está por vir.
Com o fim do conflito e a desorganização do Estado, ele teme que
uma retomada descontrolada da
produção industrial possa trazer
danos ao meio ambiente
"O maior fator de proteção da
natureza iugoslava era a coletivização das terras", diz Hadzibdiac.
"Num país em que a consciência
ecológica regrediu bastante, só o
Estado pode proteger o meio ambiente. Acontece que o Estado bósnio explodiu, suas instituições não
funcionam mais. Os dirigentes das
três comunidades se neutralizam,
e o alto representante da comunidade internacional, que supre esse
vazio, tem outras preocupações",
afirma.
Segundo ele, o reinício desorganizado da produção industrial pode poluir as águas dos rios, e as florestas correm o risco de desaparecer em função do desmatamento
descontrolado.
Para ele, a privatização representa uma ameaça maior à natureza
do que a própria guerra.
"O pós-guerra pode ser mais nocivo ao ambiente do que a própria
guerra, e mais mortífero para a
fauna", afirma.
"Já foi constatado, na Itália e na
França, que, quando o homem caça em terras que considera suas,
ele respeita os animais. Por outro
lado, quando caça em terras de outros, ele se comporta como um
predador."
Javalis e minas terrestres
Segundo Hadzibdiac, durante a
guerra foi possível observar algumas curiosidades sobre o comportamento dos animais.
"Os javalis têm muita facilidade
para desmontar minas terrestres
plásticas. São muito superiores aos
cães especializados nesse trabalho", afirma.
Segundo o diretor, observou-se
que, em alguns lugares ,os animais
carnívoros despedaçaram os cadáveres humanos, mas deixaram intactos outros ao lado, sem nenhuma razão aparente.
Uma hipótese levantada -mas
que ainda não foi confirmada- é
que esses corpos tenham sido rejeitados porque os animais teriam
identificado neles a presença de
medicamentos, antibióticos ou
outros.
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