DA REDAÇÃO

Em meio ao caos em que se transformou o Iraque após a derrubada da ditadura de Saddam Hussein pelas forças da coalizão anglo-americana, no último dia 9, autoridades iraquianas se reuniram ontem, em Bagdá, para discutir possíveis passos para a retomada da produção petroleira do país, principal fonte de recursos iraquiana.
O encontro, que ocorreu na sede do ministério -um dos poucos edifícios públicos na capital preservados dos bombardeios da coalizão e protegido dos saques da população- não teve a participação das autoridades americanas que administrarão o país nos próximos meses. Não se sabe, portanto, se as decisões tomadas serão aceitas pelos EUA.
Enquanto os americanos esperam restabelecer uma produção de 1,6 bilhão de barris diários, os participantes da reunião fixaram como primeira meta reativar a refinaria de Doura, localizada nas cercanias de Bagdá, com uma produção de 100 mil barris diários a partir da próxima semana. A prioridade seria abastecer os postos de gasolina e as usinas elétricas do país, onde parte da população permanece sem luz.
O Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo do mundo e oitavo maior exportador do produto, está sem ministro do Petróleo desde 25 de março, quando o então responsável pelo setor, Amir Muhammed Rashid, foi visto pela última vez. Rashid está na lista dos 55 foragidos iraquianos procurados pelos EUA.
Os iraquianos mais cotados para substituí-lo, segundo fontes na indústria, são Fadhil Othman e Thamir Ghadhban. Othman dirigiu a OEMP (Organização Estatal do Mercado de Petróleo) antes da ditadura de Saddam, iniciada em 1979, e Ghadhban era o diretor de planejamento do Ministério do Petróleo quando o regime ruiu.

Reunião da Opep
Um funcionário da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) afirmou, segundo a Reuters, que o Iraque deve enviar uma delegação a uma reunião de cúpula da organização em Viena, depois de amanhã. O grupo seria chefiado por Jawdat al Obeidi, um general que viveu anos exilado nos EUA por sua oposição ao regime de Saddam.
Segundo Obeidi, ele seria acompanhado por quatro especialistas do setor ligados ao regime de Saddam: Ghadhban, Mazin Jumah (vice-ministro do Petróleo), Rafid Abdul Halim Jasim (diretor-executivo da OEMP) e Shamakhi Faraj (representante iraquiano no Conselho Econômico da Opep).
Dias atrás, autoridades americanas disseram ser improvável a participação do Iraque na cúpula da Opep devido à precária organização administrativa no país.