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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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Único genro de Saddam se entrega

DA REDAÇÃO

O genro de Saddam Hussein, Jamal Mustafá Sultan al Tikriti, se rendeu ontem ao Congresso Nacional Iraquiano (CNI, um dos principais grupos de oposição no exílio à ditadura de Saddam Hussein) e foi entregue aos militares americanos. No mesmo dia, forças da coalizão capturaram o ex-ministro iraquiano de Educação Superior e Pesquisa Científica, Abd al Khaliq Abd al Gafar.
Jamal Mustafá é o número 40 (nove de paus) da lista com os 55 iraquianos mais procurados pelos EUA -e o sexto a ser capturado. Segundo o CNI, ele estava foragido na Síria antes de se entregar.
"Ele é o primeiro membro próximo da família a ser detido", disse o porta-voz do CNI, Zaab Sethna, acrescentando que Mustafá havia servido como secretário particular de Saddam até a queda do regime. Com ele, um dos antigos guarda-costas do ex-ditador também se rendeu. Para o CNI, os dois podem ter informações sobre o paradeiro de Saddam.
Ainda de acordo com o CNI, Jamal teria fugido para a Síria durante o cerco das tropas americanas a Bagdá, mas teria sido convencido a retornar ao país em companhia de um oficial do serviço de inteligência iraquiano, Khaled Abdallah. Segundo o CNI, o irmão de Jamal, Kamal Mustafá Sultan al Tikriti, chefe da guarda pessoal de Saddam Hussein, estaria ainda na Síria.
Jamal Mustafá, marido da filha mais jovem de Saddam, Hala, e único genro sobrevivente -o ex-ditador executou seus outros dois genros nos anos 90-, ainda não teria sido interrogado nem pelo CNI nem pelas forças da coalizão anglo-americana. Indagado sobre as garantias que o CNI ofereceu ao prisioneiro, o porta-voz declarou: "As condições de sua rendição previam a sua segurança".

Pressões sobre a Síria
A notícia de que Jamal Mustafá estava escondido na Síria foi divulgada momentos após o discurso em que o presidente Bush disse que Damasco estava dando "sinais positivos" de colaboração com o governo americano.
"Há sinais positivos. Eles estão entendendo a mensagem de que não devem abrigar membros do Partido Baath nem altos funcionários iraquianos", disse Bush.
Após a ocupação do Iraque, Washington tem acusado a Síria de abrigar líderes do regime de Saddam, de ajudá-los a cruzar a fronteira, de desenvolver armas de destruição em massa e de ter relações com o terrorismo. A Síria nega todas as acusações.
Apesar das recentes capturas, ainda não há pistas do ex-ditador ou de seus filhos, Qusay e Uday.
Os EUA continuam afirmando que Saddam pode ter sido morto em um dos bombardeios, embora o líder do CNI, Ahmed Chalabi, não concorde com essa hipótese: "Acho que ele ainda está vivo".
Além de Jamal Mustafá, outros dois parentes de Saddam já foram detidos: seus meios-irmãos Barzan Ibrahim al Tikriti -que dirigiu o serviço de inteligência iraquiano entre 1979 e 1983- e Watban al Tikriti. Dezenove dos 55 nomes da lista têm o sobrenome al Tikriti, que quer dizer "de Tikrit", a cidade natal de Saddam.


Com agências internacionais.


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