São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Eleições britânicas sofrem reviravolta antes de novo debate

Pesquisa do "Guardian" consolida avanço de Liberais Democratas e mostra Partido Trabalhista em terceiro lugar pela primeira vez

Embora com parcas chances de virar premiê, Nick Clegg rouba cena de favorito David Cameron e usurpa discurso de mudança de conservador


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O jogo de expectativas da campanha britânica virou em cinco dias. Em pesquisa do instituto ICM para o jornal "The Guardian" divulgada ontem, 20% dos ouvidos dizem que o debate levado ao ar na última quinta -o primeiro na história do Reino Unido- mudou sua intenção de voto.
O levantamento mostra um cenário embolado, com 33% das intenções para os Conservadores, 30% para os Liberais Democratas e 28% para os Trabalhistas, atualmente no governo e em uma inédita lanterna. Uma semana antes, os partidos tinham respectivamente 37%, 20% e 31% (os britânicos votam na legenda, e a maior bancada no Parlamento aponta seu líder para ser premiê).
Agora é sobre o jovem e relativamente novato Nick Clegg, líder liberal democrata, que recaem as atenções para o segundo debate da série de três, amanhã. Um artigo no "Guardian" o compara a Barack Obama. E a influente revista "Economist" adverte dos riscos de um governo sem maioria clara no Parlamento, que decorreria da ascensão dos liberais democratas.
Embora o complexo sistema eleitoral do Reino Unido (semelhante ao distrital e de turno único) faça de Clegg aquele com menos chances entre os três homens que podem se tornar premiê nos próximos cinco anos, ele é o "homem da hora". Seu apoio deve ser crucial para fazer o próximo governante.
Até então os holofotes estavam sobre o líder das pesquisas nos últimos meses, o conservador David Cameron. Mas a sondagem do ICM mostra que não foi só a atenção que Clegg tem roubado do conservador.

Credibilidade
Ele agora é visto como o homem com maior credibilidade para governar o país por 21% do eleitorado -na semana passada, eram 9%. Já a confiança em Cameron caiu de 44% para 32%. O atual premiê, o trabalhista Gordon Brown, permanece com 30%.
Mas talvez a maior sombra diante de Cameron seja justamente a que paira sobre sua bandeira de campanha, mudança, que agora o eleitorado identifica mais com o liberal democrata -terceira força política do país, onde há décadas trabalhistas e conservadores se revezam no poder. Ontem Clegg voltou a reivindicar o discurso de ruptura.
O jovem político também é visto como mais honesto que os rivais (74%, contra 53% de Cameron e 51% de Brown), e o índice daqueles que veem nele o mais capaz de conduzir o país para o rumo certo saltou de 12% para 26%, o mesmo do premiê, e apenas quatro pontos atrás do conservador (que despencou 12 pontos nesse quesito em uma semana).
O ICM ouviu 1.024 pessoas entre os últimos dias 16 e 18 e não divulgou a margem de erro.


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