|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Eleições britânicas sofrem reviravolta antes de novo debate
Pesquisa do "Guardian" consolida avanço de Liberais Democratas e mostra Partido Trabalhista em terceiro lugar pela primeira vez
Embora com parcas chances de virar premiê, Nick Clegg rouba cena de favorito David
Cameron e usurpa discurso de mudança de conservador
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O jogo de expectativas da
campanha britânica virou em
cinco dias. Em pesquisa do instituto ICM para o jornal "The
Guardian" divulgada ontem,
20% dos ouvidos dizem que o
debate levado ao ar na última
quinta -o primeiro na história
do Reino Unido- mudou sua
intenção de voto.
O levantamento mostra um
cenário embolado, com 33%
das intenções para os Conservadores, 30% para os Liberais
Democratas e 28% para os Trabalhistas, atualmente no governo e em uma inédita lanterna.
Uma semana antes, os partidos
tinham respectivamente 37%,
20% e 31% (os britânicos votam
na legenda, e a maior bancada
no Parlamento aponta seu líder
para ser premiê).
Agora é sobre o jovem e relativamente novato Nick Clegg,
líder liberal democrata, que recaem as atenções para o segundo debate da série de três, amanhã. Um artigo no "Guardian" o
compara a Barack Obama. E a
influente revista "Economist"
adverte dos riscos de um governo sem maioria clara no Parlamento, que decorreria da ascensão dos liberais democratas.
Embora o complexo sistema
eleitoral do Reino Unido (semelhante ao distrital e de turno
único) faça de Clegg aquele
com menos chances entre os
três homens que podem se tornar premiê nos próximos cinco
anos, ele é o "homem da hora".
Seu apoio deve ser crucial para
fazer o próximo governante.
Até então os holofotes estavam sobre o líder das pesquisas
nos últimos meses, o conservador David Cameron. Mas a sondagem do ICM mostra que não
foi só a atenção que Clegg tem
roubado do conservador.
Credibilidade
Ele agora é visto como o homem com maior credibilidade
para governar o país por 21% do
eleitorado -na semana passada, eram 9%. Já a confiança em
Cameron caiu de 44% para
32%. O atual premiê, o trabalhista Gordon Brown, permanece com 30%.
Mas talvez a maior sombra
diante de Cameron seja justamente a que paira sobre sua
bandeira de campanha, mudança, que agora o eleitorado
identifica mais com o liberal
democrata -terceira força política do país, onde há décadas
trabalhistas e conservadores se
revezam no poder. Ontem
Clegg voltou a reivindicar o discurso de ruptura.
O jovem político também é
visto como mais honesto que os
rivais (74%, contra 53% de Cameron e 51% de Brown), e o índice daqueles que veem nele o
mais capaz de conduzir o país
para o rumo certo saltou de
12% para 26%, o mesmo do premiê, e apenas quatro pontos
atrás do conservador (que despencou 12 pontos nesse quesito
em uma semana).
O ICM ouviu 1.024 pessoas
entre os últimos dias 16 e 18 e
não divulgou a margem de erro.
Texto Anterior: Diplomacia: Amorim chama de covardes envolvidos em sanções ao Irã Próximo Texto: Análise: Clegg, o aristocrata que a TV catapultou Índice
|