São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

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EUA dão ao Paquistão US$ 80 mi por mês

Dinheiro é para combater Al Qaeda e Taleban, mas os militares do general Musharraf não são eficientes

DAVID SANGER
DO "NEW YORK TIMES"


O governo americano continua a entregar ao Paquistão US$ 1 bilhão por ano para custear as operações contra os terroristas islâmicos baseados na fronteira com o Afeganistão, apesar de Osama bin Laden continuar à solta e de o governo paquistanês ter suspendido, há oito meses, as operações onde a Al Qaeda é mais ativa.
O envio do dinheiro ao governo paquistanês não aparece num tópico explícito do orçamento militar dos EUA. Os pagamentos mensais já somam US$ 5,6 bilhões.
Dentro do Pentágono há comandantes que propõem condicionar o prosseguimento desse programa ao desempenho do Exército paquistanês, sobretudo contra bases do Taleban, que ganharam nos últimos meses um surpreendente poder ofensivo no Afeganistão.
Mas a administração Bush não cogita isso, apesar das evidências de que militares paquistaneses fazem vista grossa à movimentação do Taleban na zona de fronteira.
A Casa Branca também argumenta que a interrupção do fluxo de dinheiro enfraqueceria o ditador Pervez Musharraf, cuja autoridade vem sendo erodida no plano interno.
Um porta-voz do consultor de segurança nacional de Bush não quis explicar o imobilismo americano, mesmo depois que Musharraf suspendeu as operações de patrulhamento em áreas da Al Qaeda.
O Pentágono diz que os EUA enviam por mês ao governo paquistanês US$ 80 milhões, e uma entidade que assessora o Congresso calcula que isso representa 20% das despesas militares daquele país.
Mesmo a retirada das patrulhas paquistaneses é tema controverso. Musharraf assinou um acordo de paz com lideranças sunitas da região fronteiriça, em troca da entrega de líderes do terrorismo, o que não chegou a acontecer.
O embaixador paquistanês em Washington, Mahmud Ali Durrani, disse, no entanto, que o acordo está funcionando e que, por ele, as operações militares do Paquistão naquelas áreas se intensificaram.
Mas informantes americanos dizem que a cooperação com o Paquistão foi regular em 2005 e 2006, apesar de o Paquistão ter sido mais solícito nos últimos meses. Há uma perplexidade pelo fato de os paquistaneses receberem o mesmo dinheiro se combaterem ou se ficarem nos quartéis.


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