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Iraque quer equipar polícia com armamentos brasileiros
Vice-ministro do Interior negociou no Brasil compra de pistolas, coletes e aviões
"Diversificar fornecedores é
pilar da boa segurança",
afirma dirigente, para quem
há risco de recrudescimento
da tensão sectária iraquiana
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo iraquiano está
prestes a registrar o Brasil como país fornecedor de armas,
numa medida que dará amparo
legal a negociações em curso
para a aquisição de material bélico e know-how brasileiro pelas autoridades de Bagdá. A iniciativa, que será selada nos próximos dias, atende ao plano do
Iraque de ampliar sua gama de
fornecedores para modernizar
as forças de segurança interna.
Com a chancela oficial, empresas armamentistas brasileiras poderão até ser dispensadas
de licitação em alguns casos determinados pelo Executivo.
Seis anos após a queda de
Saddam Hussein, o governo
iraquiano já renovou boa parte
da frota de veículos e do arsenal
pesado, mas ainda dispõe de
US$ 6 bilhões para equipar os
600 mil policiais e espiões do
Ministério do Interior.
Há duas semanas, o vice-ministro do Interior Adnan Al
Asadi esteve no Brasil para conhecer a indústria armamentista brasileira.
No Rio, ele visitou a Condor,
fabricante de armas não letais.
Al Asadi também esteve na sede da Embraer, em São José
dos Campos (SP), onde manifestou interesse na compra de
aviões Supertucano para monitorar as fronteiras do Iraque
com Irã e Síria, por onde circulam grupos armados.
As empresas não detalharam
as conversas que tiveram com
Al Asadi, alegando que as negociações são sigilosas.
O vice-ministro sondou, ainda, aquisição de pistolas, metralhadoras e coletes.
"Já temos equipamento militar de China, Rússia e EUA, entre outros países. Queremos
também material brasileiro",
disse Al Asadi à Folha. Segundo o funcionário xiita, "um dos
pilares da boa segurança é ter
um equipamento diversificado
e não depender de alguns poucos fornecedores".
Em Brasília, Al Asadi conheceu cursos e treinamentos da
Polícia Federal.
O vice-ministro disse que o
investimento em segurança
ainda é uma prioridade do governo iraquiano porque a queda da violência sectária no Iraque registrada desde 2007 pode não ser sustentável.
Mas ele afirmou que as forças iraquianas estão prontas
para assumir a segurança do
país em dez dias, quando os
EUA removerem seu contingente das ruas para as bases
-marco inicial da retirada definitiva, pactuada com Washington para o final de 2011.
Apesar de Brasil e Iraque
concordarem em resgatar a
parceria comercial que floresceu nos anos 70 e 80, as relações diplomáticas ainda são tímidas. O iraquianos querem a
reativação da Embaixada do
Brasil em Bagdá, inativa desde
1990. Já a Embaixada do Iraque em Brasília ainda espera a
chegada do primeiro embaixador da era pós-Saddam.
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