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Eleição mantém tradicionalismo no poder
DA ENVIADA A BOGOTÁ
Com camisas alusivas à
campanha de Juan Manuel
Santos, duas moças de calças
justas subiram ao altar com
velas levando bandeiras da
Colômbia e o castiçal com as
hóstias.
Foi o início, na manhã de
ontem, da primeira missa na
capela simples de Nossa Senhora das Graças, num bairro de classe média de Bogotá.
O sermão foi dedicado à festa
eleitoral na Colômbia, e as
preces pediram pelo candidato governista.
Na primeira fila, com a
mulher e os três filhos (de 21,
19 e 16 anos), Santos sinalizava que seguirá a trilha marcada pelo religioso Álvaro Uribe: uma relação próxima
com o catolicismo, a religião
de 90% dos colombianos.
Mas o novo presidente,
eleito como herdeiro do uribismo -que foi o canal de expressão das classes regionais
emergentes-, marca a volta
das famílias mais tradicionais ao posto máximo do
país. A acomodação entre esses dois polos marcará o novo governo.
Eduardo Santos, tio-avô
do novo presidente, governou a Colômbia entre 1938 e
1942. Seu primo Francisco é o
atual vice-presidente.
SONHO
Santos, 58, construiu sua
biografia para chegar à Presidência, sonho de infância.
Com 21 anos, foi o mais novo representante da Colômbia na Organização Internacional do Café, em Londres, e
ministro em dois governos
-Cesar Gaviria (1990-1994) e
Andrés Pastrana (1998-2002). Em 2005, embarcou
no uribismo.
Ocupou nos últimos quatro anos o Ministério da Defesa, o cargo de maior visibilidade, à exceção da Presidência, no país em guerra contra
as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Administrador e jornalista, Santos foi subdiretor do
jornal "El Tiempo", o maior
do país, que sua família controlou até 2007.
Os Santos seguem acionistas do diário -o novo presidente diz ter vendido sua
parte- e podem se tornar
ainda mais influentes.
Seus sócios, do grupo espanhol Planeta, são favoritos
para obter a concessão de um
canal de TV aberto -os dois
outros concorrentes anunciaram desistência.
Questionada sobre o peso
do nome que carrega, a filha
do eleito, Maria Antonia, 19,
diz: "Como meu pai disse, ele
não escolheu onde nasceu,
mas escolheu a quem servir".
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