São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Eleição mantém tradicionalismo no poder

DA ENVIADA A BOGOTÁ

Com camisas alusivas à campanha de Juan Manuel Santos, duas moças de calças justas subiram ao altar com velas levando bandeiras da Colômbia e o castiçal com as hóstias.
Foi o início, na manhã de ontem, da primeira missa na capela simples de Nossa Senhora das Graças, num bairro de classe média de Bogotá. O sermão foi dedicado à festa eleitoral na Colômbia, e as preces pediram pelo candidato governista.
Na primeira fila, com a mulher e os três filhos (de 21, 19 e 16 anos), Santos sinalizava que seguirá a trilha marcada pelo religioso Álvaro Uribe: uma relação próxima com o catolicismo, a religião de 90% dos colombianos.
Mas o novo presidente, eleito como herdeiro do uribismo -que foi o canal de expressão das classes regionais emergentes-, marca a volta das famílias mais tradicionais ao posto máximo do país. A acomodação entre esses dois polos marcará o novo governo.
Eduardo Santos, tio-avô do novo presidente, governou a Colômbia entre 1938 e 1942. Seu primo Francisco é o atual vice-presidente.

SONHO
Santos, 58, construiu sua biografia para chegar à Presidência, sonho de infância.
Com 21 anos, foi o mais novo representante da Colômbia na Organização Internacional do Café, em Londres, e ministro em dois governos -Cesar Gaviria (1990-1994) e Andrés Pastrana (1998-2002). Em 2005, embarcou no uribismo.
Ocupou nos últimos quatro anos o Ministério da Defesa, o cargo de maior visibilidade, à exceção da Presidência, no país em guerra contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Administrador e jornalista, Santos foi subdiretor do jornal "El Tiempo", o maior do país, que sua família controlou até 2007.
Os Santos seguem acionistas do diário -o novo presidente diz ter vendido sua parte- e podem se tornar ainda mais influentes.
Seus sócios, do grupo espanhol Planeta, são favoritos para obter a concessão de um canal de TV aberto -os dois outros concorrentes anunciaram desistência.
Questionada sobre o peso do nome que carrega, a filha do eleito, Maria Antonia, 19, diz: "Como meu pai disse, ele não escolheu onde nasceu, mas escolheu a quem servir".


Texto Anterior: Líder da Colômbia tem votação histórica
Próximo Texto: Santos buscará novo balanço de política externa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.