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PDVSA subsidia passagem de pobres londrinos
TOM BURGIS E DINO MAHTANI
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
O venezuelano Hugo Chávez
rompeu com os precedentes
em sua campanha mundial de
diplomacia petroleira ontem,
quando o prefeito de Londres,
Ken Livingstone, anunciou que
os londrinos pobres pagariam
meia tarifa em suas passagens
de ônibus, em um projeto financiado com milhões de petrodólares venezuelanos.
Um acordo com prazo inicial
de um ano dispõe que a Petróleos de Venezuela Europa, a divisão européia da estatal venezuelana PDVSA, invista até
US$ 32 milhões para subsidiar
passagens de ônibus aos moradores de baixa renda da capital
britânica que recebem pagamentos de seguro social.
Até 250 mil londrinos podem
se beneficiar do plano concebido durante uma visita do presidente venezuelano ao Reino
Unido no ano passado, quando
ele deslumbrou a esquerda do
país, mas recusou um encontro
com o então premiê Tony Blair.
Em troca, a Prefeitura de
Londres estabelecerá um escritório na capital venezuelana,
Caracas, para ensinar aos funcionários públicos locais técnicas de planejamento urbano e
controle de tráfego.
O acordo se segue a uma série
de recentes promessas da Venezuela, que abriga a quinta
maior reserva mundial de petróleo, de auxiliar países latino-americanos e até Belarus com
financiamento de projetos de
energia e créditos subsidiados.
Livingstone negou ontem
que tivesse se deixado seduzir
pela petrodiplomacia de Chávez. "Quando aparece alguém e
pergunta se quero 14 milhões
de libras, a pessoa conquista
minha atenção", disse.
O acordo atraiu a ira dos críticos de Livingstone, que querem saber por que Londres,
uma das mais ricas cidades do
mundo, está, na prática, aceitando esmolas de um país cuja
renda per capita é estimada, na
melhor das hipóteses, em 25%
da britânica. Os funcionários
da prefeitura londrina confirmaram que os custos do acordo
seriam "minúsculos", do lado
britânico, se comparados à generosidade venezuelana.
O subsídio de no máximo
US$ 32 milhões, uma fração das
receitas petroleiras da Venezuela, representa nova vitória
de relações públicas para Chávez, depois de acordos recentes
para oferecer óleo de aquecimento a 100 mil domicílios de
baixa renda nos EUA por preço
40% inferior ao de mercado.
Temir Porras, o chefe-de-gabinete do Ministério do Exterior venezuelano, declarou que
a alta nas receitas petroleiras
de seu país -que respondem,
hoje, por cerca de um terço dos
US$ 190 bilhões de seu Produto
Interno Bruto (PIB)- tornava
a transação vantajosa para as
duas partes. "Nossa cooperação
deve ajudar as pessoas mais pobres, onde quer que estejam."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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