São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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PDVSA subsidia passagem de pobres londrinos

TOM BURGIS E DINO MAHTANI
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES

O venezuelano Hugo Chávez rompeu com os precedentes em sua campanha mundial de diplomacia petroleira ontem, quando o prefeito de Londres, Ken Livingstone, anunciou que os londrinos pobres pagariam meia tarifa em suas passagens de ônibus, em um projeto financiado com milhões de petrodólares venezuelanos.
Um acordo com prazo inicial de um ano dispõe que a Petróleos de Venezuela Europa, a divisão européia da estatal venezuelana PDVSA, invista até US$ 32 milhões para subsidiar passagens de ônibus aos moradores de baixa renda da capital britânica que recebem pagamentos de seguro social.
Até 250 mil londrinos podem se beneficiar do plano concebido durante uma visita do presidente venezuelano ao Reino Unido no ano passado, quando ele deslumbrou a esquerda do país, mas recusou um encontro com o então premiê Tony Blair.
Em troca, a Prefeitura de Londres estabelecerá um escritório na capital venezuelana, Caracas, para ensinar aos funcionários públicos locais técnicas de planejamento urbano e controle de tráfego. O acordo se segue a uma série de recentes promessas da Venezuela, que abriga a quinta maior reserva mundial de petróleo, de auxiliar países latino-americanos e até Belarus com financiamento de projetos de energia e créditos subsidiados.
Livingstone negou ontem que tivesse se deixado seduzir pela petrodiplomacia de Chávez. "Quando aparece alguém e pergunta se quero 14 milhões de libras, a pessoa conquista minha atenção", disse.
O acordo atraiu a ira dos críticos de Livingstone, que querem saber por que Londres, uma das mais ricas cidades do mundo, está, na prática, aceitando esmolas de um país cuja renda per capita é estimada, na melhor das hipóteses, em 25% da britânica. Os funcionários da prefeitura londrina confirmaram que os custos do acordo seriam "minúsculos", do lado britânico, se comparados à generosidade venezuelana.
O subsídio de no máximo US$ 32 milhões, uma fração das receitas petroleiras da Venezuela, representa nova vitória de relações públicas para Chávez, depois de acordos recentes para oferecer óleo de aquecimento a 100 mil domicílios de baixa renda nos EUA por preço 40% inferior ao de mercado.
Temir Porras, o chefe-de-gabinete do Ministério do Exterior venezuelano, declarou que a alta nas receitas petroleiras de seu país -que respondem, hoje, por cerca de um terço dos US$ 190 bilhões de seu Produto Interno Bruto (PIB)- tornava a transação vantajosa para as duas partes. "Nossa cooperação deve ajudar as pessoas mais pobres, onde quer que estejam."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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