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Senado prorroga por 1 ano autorização para Cristina editar leis
Governo argentino aproveita fato de ainda deter maioria para aprovar extensão de "superpoderes"
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, obteve ontem do Congresso a prorrogação por um ano do expediente
que lhe dá direito de editar leis
sem passar pelo crivo do Poder
Legislativo.
Por 38 votos a 30, o Senado
aprovou a prorrogação, referendando decisão tomada pela
Câmara dos Deputados na semana passada. Com o uso das
chamadas "faculdades delegadas" ou "superpoderes", existem cerca de 1.900 leis em vigor. Uma delas diz respeito ao
maior ponto de conflito do governo com o setor agropecuário
-a fixação de alíquotas sobre
exportações de grãos.
Representantes dos ruralistas manifestaram contra a lei
em frente ao Congresso durante todo o dia. O governo conseguiu apressar o trâmite do projeto, para votá-lo antes de dezembro, quando assumirão os
novos parlamentares, eleitos
em junho, e o governo perderá
a maioria que detém atualmente no Congresso.
"O governo está aproveitando a maioria transitória que
tem", disse o senador Gerardo
Morales, do partido opositor
UCR (União Cívica Radical).
Para facilitar a aprovação do
que lhe era essencial -a prorrogação dos "superpoderes"-,
o governo incorporou ao projeto algumas concessões à oposição. O uso dos "superpoderes"
passa a ser restrito à presidente
e ao seu chefe de gabinete, vetando esse privilégio a funcionários de escalões inferiores.
Cria-se uma comissão técnica para analisar as leis já editadas por "faculdades delegadas"
e indicar quais deverão ser revogadas. Futuros decretos classificados pelo governo como
"de necessidade e urgência" terão de ser revistos por uma comissão bicameral de congressistas, em até dez dias, após sua
promulgação.
Senadores contrários à aprovação da lei ressaltaram a derrota do governo nas eleições legislativas, para justificar seu
voto negativo. A peronista dissidente Hilda Duhalde afirmou: "Não estamos cumprindo
o que a sociedade nos pediu. As
pessoas votaram contra o
kirchnerismo não somente por
causa da situação econômica,
mas pela forma hegemônica
com que exercem o poder. Ou
tomamos consciência disso ou
nenhum de nós poderá se salvar da raiva e da indiferença do
conjunto da sociedade".
Antes de aprovar a extensão
do prazo dos "superpoderes", o
Senado referendou o projeto de
"emergência agropecuária",
que cria um fundo de 500 milhões de pesos (US$ 129 milhões), para socorrer os efeitos
da grave seca que comprometeu o desempenho da agricultura argentina neste ano.
O senador J.C. Marino
(UCR) comparou a cifra com os
600 milhões de pesos (US$
155,9 milhões) do contrato firmado ontem entre o governo e
a endividada Associação do Futebol Argentino, para a transmissão de futebol em TV aberta: "Continuamos premiando a
ineficiência, em vez de incentivar a produção".
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