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País foi cenário do 1º
ataque com o vírus
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Estados Unidos foram o palco do primeiro ataque militar
com o vírus da varíola de que se
tem notícia na história moderna.
Aconteceu em 1763. As vítimas
eram índios hostis aos colonizadores britânicos. A forma de difusão reprisava em escala menor o
mitológico cavalo de Tróia: vírus
eram enviados em cobertas retiradas de hospitais que tratavam
varíola na Pensilvânia.
A ordem de atacar os índios
com uma doença fatal foi dada
pelo general Jeffrey Amhest, comandante das forças britânicas
na guerra contra os índios e os
franceses (1754-1767).
O capitão Simeon Ecuyer, executor do plano, anotou em seu
diário: "Espero que isso tenha o
efeito desejado". Teve.
Ninguém sabe com precisão
quantos índios morreram. O certo é que os britânicos conquistaram o vale do rio Ohio onde viviam os nativos das tribos Mingo,
Delaware e Shawnee.
O episódio do Forte Pitt virou
referência histórica por causa da
farta documentação, mas não é o
mais antigo registro do uso de armas biológicas em batalhas.
Há lendas de que gregos e romanos já faziam uso de cadáveres
para disseminar vírus entre os inimigos, mas a documentação mais
antiga data de 1346. É o relato da
tomada da cidade de Kaffa (a
atual Feodossia, na Ucrânia) pelos tártaros. Para conquistar a cidade, eles catapultavam cadáveres infectados sobre os muros.
Ganharam a batalha, mas os resultados seriam desastrosos, segundo medievalistas como o norte-americano Lynn H. Nelson. Foi
em Kaffa, defende Nelson, que teria começado a Peste Negra, uma
pandemia que matou milhões em
cinco anos, de 1346 a 1351.
Mercadores de Kaffa teriam levado a bactéria Y. Pestis, que causa a peste, em pulgas e ratos que
infestavam os navios para Constantinopla e de lá para Gênova.
No século 20, uma das experiências mais tenebrosas com armas
biológicas foi conduzida pelo Japão. Elas começaram, de maneira
precária, em 1932, logo após a
ocupação da Manchúria (China)
pelos japoneses. Foram oficializadas em 1936 e em dez anos resultaram na morte de 3.000 a 10 mil
chineses. Todos foram mortos como cobaias de varíola, antraz, tifo
e peste bubônica. Morreram mais
mil ocidentais, vítimas dos ataques com vírus e bactérias.
Os EUA fizeram uma proposta
aos japoneses em 1945: o coronel
Ishii Shiro, que dirigiu os experimentos, não seria processado por
crimes de guerra, mas teria que
entregar suas descobertas ao
americanos. Assim foi feito.
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