São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Falta de líderes complica planos de oposicionistas

DO ENVIADO ESPECIAL

"E se Chávez cair? Quem assume meu lugar? Nem eles sabem." Essa provocação é feita frequentemente pelo próprio presidente Hugo Chávez para explorar um aspecto contraditório do movimento que tenta derrubá-lo do poder: além de heterogêneas, as forças contrárias ao presidente não têm um líder minimamente popular para substituí-lo depois do golpe ou vencê-lo nas urnas.
Essa fragilidade foi revelada em abril passado, quando um setor da oposição "sequestrou" o golpe contra Chávez e escolheu Pedro Carmona, um empresário com pouco apelo popular, para ocupar a Presidência. A escolha de Carmona, hoje exilado, é tida como um erro pelas próprias oposições.
Analistas acreditam que não há opções viáveis dentro da social-democrata AD e do democrata-cristão Copei, os dois partidos que controlaram a política venezuelana desde 1958 até a eleição de Chávez, em 1998.
Também não teriam chances Carlos Ortega, o presidente da confederação de trabalhadores, odiado pela parte da população (35%) que ainda aprova o governo Chávez, e Carlos Férnandez Pérez, o empresário que substituiu Carmona na presidência da Fedecámaras.
A principal alternativa hoje é Enrique Mendoza, popular governador do Estado de Miranda que, embora seja do Copei, fez alianças com todos os partidos - inclusive com o de Chávez.
"Líderes não se fabricam por decreto. A Venezuela está vivendo uma comoção histórica, os líderes vão se formando aos poucos", disse Manuel Felipe Sierra, analista político. "Não podemos cair no simplismo de comparar Chávez a outro líder. Chávez é o único caudilho popular atualmente."
Mas nem todos concordam. "As oposições precisam de um líder porque talvez tenham de derrotar Chávez nas urnas. Não podemos negar que o presidente seja popular, um líder indiscutível e forte", disse Nicolás Picado, outro analista político.
Ontem, Chávez disse que a Fedecámaras e a Confederação dos Trabalhadores da Venezuela representam hoje os mesmos setores da elite que fabricaram a AD e o Copei no passado. "São as mesmas elites." (MA)


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