São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Redes de TV incitam população à greve

DO ENVIADO ESPECIAL

Enquanto o presidente Hugo Chávez dizia ontem ter sido vítima de uma tentativa de assassinato, a emissora privada de TV Globovision, uma das principais da Venezuela, exibia o campeonato espanhol de futebol. A transmissão não foi interrompida, mas o fato foi informado aos telespectadores durante o intervalo do jogo, com outras notícias sobre a mobilização para a greve geral das oposições, prevista para hoje. A TV exibiria ontem à noite um documentário sobre a histórica greve comandada por Lech Walesa na Polônia, em 1980. "Uma greve que mudou a história de um país", dizia a chamada do programa.
Já a Venevision, principal rede de TV privada do país, exibia uma partida de beisebol, popular esporte no país. A transmissão também não foi interrompida.
Para Chávez, que usa a emissora oficial para transmitir seus discursos e seu programa semanal "Alô Presidente", a imprensa tem se comportado nos últimos dias "como no golpe de 11 de abril, quando exageraram as coisas, desinformaram a população".
Para os donos dos meios de comunicação na Venezuela, Chávez continua usando seus "Círculos Bolivarianos" para ameaçar jornalistas e a liberdade de imprensa. Se a imprensa não informa, dizem eles, a culpa é dos violentos simpatizantes do presidente.
No sábado, uma bomba explodiu na parte externa de uma estação de rádio em Caracas. Ninguém se machucou. Foi o quinto atentado contra jornais e emissoras apenas neste ano.
Há fundamentos claros em algumas das acusações feitas pelos dois lados do conflito. Chávez desaprova críticas. Apesar de a economia do país estar numa de suas piores recessões (o PIB caiu 7% só no primeiro semestre), o presidente chama de "mentirosos" os que dizem que há uma crise econômica no país. Já as redes de TV atuam ostensivamente em favor das oposições. (MA)


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