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IRAQUE
Decreto liberta prisioneiros políticos e quase todos os comuns; medida visa a unir iraquianos em torno do ditador
Saddam dá anistia a quase todos os presos
DA REDAÇÃO
O ditador Saddam Hussein celebrou ontem sua eleição "perfeita" -na qual obteve 100% dos
votos na terça-feira passada-
concedendo uma ampla anistia a
quase todos os presos do Iraque.
O decreto de Saddam libertando todos os prisioneiros políticos,
quase todos os comuns e também
os detidos por tentar escapar do
serviço militar é visto como parte
de uma campanha para unir os
iraquianos sob sua liderança. Saddam enfrenta a perspectiva de sofrer um ataque norte-americano.
Testemunhas afirmaram que
viram várias dezenas de prisioneiros deixando uma prisão em Bagdá e cantando: "Com nosso sangue e nossa alma, nós nos sacrificamos por você, Saddam".
Foi a primeira vez que Saddam
perdoou todos os presos políticos
desde que chegou ao poder.
Segundo o governo, todos os
prisioneiros anistiados deverão
ser liberados dentro de no máximo 48 horas. Não foi divulgado o
número exato de beneficiados pelo decreto, mas eles devem chegar
a vários milhares, incluindo lideranças xiitas (uma das correntes
do islamismo).
De acordo com o ministro da
Informação iraquiano, Muhammad Assahaf, só não serão libertados "árabes condenados ou acusados de espionar para a entidade
sionista ou para os EUA".
"Manipulação"
O secretário de Estado dos EUA,
general Colin Powell, disse que a
anistia é "manipulação" e que
Saddam tenta "apresentar-se como alguém distinto quando na
verdade é um ditador brutal". Powell disse ainda que os verdadeiros opositores voltarão a ser presos dentro de alguns dias.
Powell também afirmou que os
EUA poderão não depor Saddam
se ele desistir de tentar obter armas de destruição em massa. A
declaração contrasta com outras
dadas ao longo dos últimos 18
meses, nas quais o secretário afirmava que deveria haver uma
"mudança de regime" no Iraque.
O vice-presidente Taha Iassin
Ramadan disse que o Iraque continua disposto a aceitar a presença
dos inspetores de armas das Nações Unidas. Os EUA acusam
Bagdá de desenvolver armas de
destruição em massa.
Os EUA, que queriam obter do
Conselho de Segurança da ONU
uma resolução autorizando automaticamente o uso da força caso
Saddam Hussein não cooperasse
com os inspetores, recuaram
diante da oposição de diversos
países a uma ação unilateral.
Colin Powell também anunciou
ontem que Washington deve
apresentar ao Conselho de Segurança, ainda nesta semana, o esboço de uma nova resolução, menos dura. Segundo Powell, o novo
texto vai propor "um regime de
inspeção de armas mais estrito" e
"consequências" na hipótese de o
Iraque não colaborar com a ONU.
Analistas acreditam que o texto
não vai ameaçar Bagdá explicitamente com uma ação militar.
Os EUA já afirmaram que se reservam o direito de atacar o Iraque caso julguem necessário, ainda que não haja uma autorização
da ONU para isso.
Com agências internacionais
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