São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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AMÉRICA LATINA

Ao contrário do que temia o comércio, não houve saques nos atos que lembraram a queda de De la Rúa, há um ano

Argentinos fazem segundo dia de protestos pacíficos

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

Dezenas de passeatas cruzaram a capital argentina, Buenos Aires, no segundo e último dia de manifestações para lembrar a queda do governo de Fernando de la Rúa, que renunciou no dia 20 de dezembro de 2001.
As marchas de associações de desempregados, conhecidos na Argentina como "piqueteiros", começaram logo pela manhã. Durante todo o dia, manifestantes bloquearam avenidas na capital e em vários pontos das demais Províncias do país.
No início da tarde, grupos de uma marcha federal, que haviam partido na segunda-feira de várias Províncias, entraram na cidade e se reuniram na praça de Maio, onde se realizaria uma grande concentração -os organizadores estimavam que pudessem reunir cerca de 50 mil pessoas na praça, onde fica a sede do governo.
A polícia não registrou nenhum incidente grave. Numa cidade da Grande Buenos Aires, uma agência do Citibank e um posto da Telefónica foram atacados com bombas caseiras durante a madrugada. Ninguém se feriu, e a polícia não ligou os ataques às manifestações dos "piqueteiros".
Em Buenos Aires, o receio de que houvesse algum tipo de violência se dissipou à medida que as marchas avançavam sem que houvesse incidentes violentos -os comerciantes temiam que se repetissem os saques de 2001, quando conflitos com lojistas e a repressão policial resultaram na morte de 32 pessoas.
No final da tarde, a maioria dos restaurantes e cafés das avenidas por onde marchavam os manifestantes permanecia aberta. No centro financeiro de Buenos Aires, os bancos fecharam as portas e foram novamente pichados por manifestantes. Uma agência do HSBC no centro da cidade, de onde foram disparados tiros que mataram um manifestante em 2001, foi um dos alvos principais dos manifestantes.
Representantes de diversos grupos sociais prestaram homenagens aos cinco manifestantes mortos nas ruas da capital no dia 20 de dezembro do ano passado. Pequenos memoriais marcam, há meses, os pontos onde cada um dos manifestantes foi morto.
O governo preparou um forte esquema de segurança -que, ontem, contou com a participação, só na capital, de 2.000 homens. Comerciantes das áreas mais atingidas pelos saques no ano passado também haviam adotado esquemas especiais de segurança -muitos se armaram-, mas não houve violência.


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