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AMÉRICA LATINA
Ao contrário do que temia o comércio, não houve saques nos atos que lembraram a queda de De la Rúa, há um ano
Argentinos fazem segundo dia de protestos pacíficos
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Dezenas de passeatas cruzaram
a capital argentina, Buenos Aires,
no segundo e último dia de manifestações para lembrar a queda do
governo de Fernando de la Rúa,
que renunciou no dia 20 de dezembro de 2001.
As marchas de associações de
desempregados, conhecidos na
Argentina como "piqueteiros",
começaram logo pela manhã. Durante todo o dia, manifestantes
bloquearam avenidas na capital e
em vários pontos das demais Províncias do país.
No início da tarde, grupos de
uma marcha federal, que haviam
partido na segunda-feira de várias
Províncias, entraram na cidade e
se reuniram na praça de Maio, onde se realizaria uma grande concentração -os organizadores estimavam que pudessem reunir
cerca de 50 mil pessoas na praça,
onde fica a sede do governo.
A polícia não registrou nenhum
incidente grave. Numa cidade da
Grande Buenos Aires, uma agência do Citibank e um posto da Telefónica foram atacados com
bombas caseiras durante a madrugada. Ninguém se feriu, e a
polícia não ligou os ataques às
manifestações dos "piqueteiros".
Em Buenos Aires, o receio de
que houvesse algum tipo de violência se dissipou à medida que as
marchas avançavam sem que
houvesse incidentes violentos
-os comerciantes temiam que se
repetissem os saques de 2001,
quando conflitos com lojistas e a
repressão policial resultaram na
morte de 32 pessoas.
No final da tarde, a maioria dos
restaurantes e cafés das avenidas
por onde marchavam os manifestantes permanecia aberta. No
centro financeiro de Buenos Aires, os bancos fecharam as portas
e foram novamente pichados por
manifestantes. Uma agência do
HSBC no centro da cidade, de onde foram disparados tiros que
mataram um manifestante em
2001, foi um dos alvos principais
dos manifestantes.
Representantes de diversos grupos sociais prestaram homenagens aos cinco manifestantes
mortos nas ruas da capital no dia
20 de dezembro do ano passado.
Pequenos memoriais marcam, há
meses, os pontos onde cada um
dos manifestantes foi morto.
O governo preparou um forte
esquema de segurança -que, ontem, contou com a participação,
só na capital, de 2.000 homens.
Comerciantes das áreas mais atingidas pelos saques no ano passado também haviam adotado esquemas especiais de segurança
-muitos se armaram-, mas
não houve violência.
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