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SOB SUSPEITA
Casa Branca teria forçado estagiária a mentir à Justiça sobre relação com o presidente dos EUA
Novo caso amoroso ameaça Clinton
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
O promotor independente do caso Whitewater, Kenneth Starr, está
investigando se o presidente dos
EUA, Bill Clinton, teve um caso de
18 meses com uma estagiária da
Casa Branca e depois tentou forçá-la a mentir sobre sua relação.
Essas poderão ser as acusações
mais danosas jamais feitas contra
Clinton. Se forem comprovadas,
disse o presidente da Comissão de
Justiça da Câmara, Henry Hyde,
podem levar a um processo de impeachment contra o presidente.
Starr recebeu cerca de 20 horas
de gravações em que Monica Lewinsky, 24, relata (de acordo com
quem teve acesso a elas) em detalhes minuciosos a relação amorosa
que ela diz ter tido com Clinton
durante 18 meses, de 1995 a 1997.
Mais grave ainda para o presidente: as fitas também revelam, segundo quem as ouviu, que Lewinsky diz ter sido procurada por
Clinton e um de seus melhores
amigos, que lhe pediram para
mentir se fosse intimada judicialmente a testemunhar sobre o caso.
Lewinsky foi chamada a depor
no processo que Paula Jones move
contra Clinton por assédio sexual
quando ele era governador do Estado de Arkansas. Seu testemunho
está marcado para amanhã.
Clinton divulgou declaração em
que afirma nunca ter tido "relação
imprópria com esta mulher" e que
ele sempre deixou claro querer que
"todas as pessoas digam a verdade
a respeito de todos os assuntos".
Seu porta-voz, Mike McCurry,
bombardeado por dezenas de perguntas durante seu encontro diário com jornalistas, se recusou a
fazer qualquer comentário adicional à declaração do presidente.
À tarde, durante entrevista marcada há semanas com a rede pública de TV, PBS, Clinton se mostrou
constrangido quando o tema Lewinski foi abordado. Disse ao jornalista Jim Leherer que sabia
"tanto quanto" ele sobre o caso.
George Stephanopoulos, que foi
um dos mais próximos assessores
de Clinton até janeiro de 1997, disse ontem que "essas são provavelmente as acusações mais graves"
já levantadas contra o presidente e
podem levar a uma ação de impeachment. Clinton está em minoria nas duas casas do Congresso.
As fitas de Lewinsky foram entregues a Starr por Linda Tripp,
ex-funcionária da Casa Branca
(nomeada durante o governo
Bush). Tripp diz que outra colega,
Kethleen Willey, foi vítima de assédio sexual da parte de Clinton.
O clima de crise na Casa Branca,
sede do governo dos EUA, podia
ser sentido logo de manhã, quando ali chegaram dois advogados
pessoais de Clinton: Robert Bennett, que o defende no caso Paula
Jones, e David Kendall, que o representa no caso Whitewater.
Segundo Stephanopoulos, Clinton passou boa parte da madrugada de ontem em conversas telefônicas com os dois, após ter tomado
conhecimento de que a secretária
da Justiça, Janet Reno, e uma corte
federal autorizaram o promotor
Starr a entrar no caso Lewinsky.
Embora não tenha falado sobre o
assunto, Starr deverá concentrar
sua investigação de Clinton neste
episódio na possibilidade de tentativa de obstrução do trabalho da
Justiça, não na de assédio sexual.
De acordo com o relato de quem
as ouviu, Lewinsky diz nas fitas
que o advogado e lobista Vernon
Jordan, amigo íntimo de Clinton,
recomendou a ela que mentisse sobre o caso, prometendo-lhe um
emprego. Jordan se recusou a comentar o assunto com jornalistas.
Não se sabe se Lewinsky estava
ciente de que suas conversas com
Tripp eram gravadas. Seu advogado, William Ginsburg, diz que Lewinski havia assinado uma declaração negando que tenha tido um
caso amoroso com o presidente.
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