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IRAQUE OCUPADO
BBC exibe depoimento do cientista que se matou após escândalo
Entrevista complica versão de Blair
DA REDAÇÃO
A BBC exibiria ontem uma entrevista inédita com o cientista
britânico David Kelly, o assessor
do Ministério da Defesa que se
suicidou em julho após ter seu nome envolvido em um escândalo
sobre a veracidade das acusações
feitas por Londres a Bagdá antes
da Guerra do Iraque.
A gravação foi feita em outubro
de 2002, um mês depois de o premiê Tony Blair apresentar um
dossiê sobre a iminência da ameaça iraquiana e cinco meses antes
da invasão do Iraque pela coalizão
anglo-americana.
A rede de TV e rádio britânica,
envolvida no escândalo por ter
confirmado o nome de Kelly como fonte de uma reportagem
contestando a posição do governo, não explicou o motivo de ter
mantido o depoimento do cientista inédito até agora, mas afirmou que a produção do programa em que a entrevista será exibida, o "Panorama", trabalhou com
total independência.
Na semana que vem, o lorde
Hutton deve publicar as conclusões de um inquérito que apurou
as circunstâncias da morte de
Kelly. A BBC disse ter apresentado a gravação no processo.
A reportagem envolvendo Kelly
contestava a informação de Londres de que o Iraque poderia lançar mão de um arsenal de destruição em massa em 45 minutos,
com potencial para atingir qualquer país. Segundo o repórter Andrew Gilligan, o governo teria deixado o relatório sobre o Iraque
"mais sexy" para conquistar a
opinião pública.
Gilligan citou uma fonte no governo que ratificara a inviabilidade do pronto uso do arsenal -era
Kelly, cujo nome foi vazado pelo
próprio governo e depois confirmado pela BBC.
Na entrevista veiculada ontem,
que teve alguns trechos antecipados pela BBC, o assessor da Defesa concorda com a posição do governo sobre a existência do arsenal proibido, mas afirma que este
não constituiria uma ameaça
imediata. Segundo Kelly, as armas levariam "dias ou até semanas" para serem acionadas, e o
risco se restringiria aos vizinhos
do Iraque -diferentemente do
que afirmou Blair.
A suposta existência de armas
de destruição em massa no Iraque
foi o principal motivo alegado por
Washington e Londres para invadir o país. Passados dez meses da
invasão, no entanto, nenhum indício do arsenal foi encontrado.
Dívida
Também ontem, o enviado
americano para negociar a dívida
externa iraquiana, James Baker,
esteve na Arábia Saudita. Riad
prometeu perdoar parte dos US$
9 bilhões que Bagdá lhe deve, de
uma dívida externa total de US$
120 bilhões. Não há posição sobre
os US$ 19 bilhões que o Iraque deve a entidades privadas sauditas.
Com agências internacionais
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