DO ENVIADO A LA PAZ

Solteiro, o presidente eleito boliviano, Evo Morales Aima, deve escolher a sua irmã mais velha, Esther, para a assumir a função de primeira-dama do país, segundo dirigentes do MAS (Movimento ao Socialismo).
Quatro anos mais velha que Morales, Esther, 50, é comerciante na cidade de Oruro, a cerca de 220 km a sudoeste de La Paz. A sua loja, chamada "Estela", é especializada em verduras e artigos de mercearia. Casada com um antropólogo, tem três filhos.
Pesa a favor de Esther o fato de ela ser a única mulher de relação de parentesco com Morales. Os seus pais morreram, e ele tem apenas outro irmão vivo. Apesar de não ser casado, Morales tem pelo menos uma filha, segundo rumores, mas o tema é evitado tanto na imprensa como entre os dirigentes do partido.
A reportagem da Folha tentou localizar Esther, mas a assessoria de imprensa de Morales não respondeu aos pedidos de entrevista. No telefone de sua casa, Roger, 15, o filho mais novo de Esther, disse que ainda não sabe se sua mãe será a primeira-dama, mas que "ela continua vendendo. No dia seguinte que Evo ganhou, continuou vendendo."
Roger diz que a família não tem planos para se mudar para La Paz por causa dos estudos dos irmãos: um cursa engenharia, e o outro, medicina. Para ele, sua vida "não mudou quase nada. Só tenho de ser mais responsável, para não envergonhar o meu tio", disse, rindo.
Os pais de Evo e Esther, Dionisio Morales Choque e María Aima Mamani, são da região do lago Poopó, perto de Oruro, e tiveram sete filhos. Três morreram ainda crianças, e outro na hora do parto, feito sem assistência médica. O outro irmão vivo, Hugo, também mora em Oruro.
Camponeses aimaras, viviam numa casa de apenas um cômodo, sem luz e água encanada. Além da criação de lhama e de pequena agricultura, a família vivia também de trabalhos temporários. Quando Evo tinha 6 anos, por exemplo, toda a família foi ao norte da Argentina, onde o pai havia arranjado um trabalho de bóia-fria num canavial.
Enquanto Morales se radicou na região do Chapare, no centro do país, onde fez carreira como líder cocaleiro e depois como dirigente do MAS (Movimento ao Socialismo), Esther continuou na mesma região dos pais. (FM)


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