São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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País terá 10 milhões de evangélicos em 2000

das agências internacionais

A visita de João Paulo 2º ao México acontece no momento em que outras religiões cristãs -entre elas algumas seitas- crescem vertiginosamente no país.
Segundo projeções do governo, elas poderão reunir 10 milhões de mexicanos no ano 2000, quase 10% da população. Estima-se em 90 milhões (cerca de 90% da população) o número de católicos.
Em 1990, o protestantismo era praticado por apenas 2% das pessoas, contra 97% de católicos.
Entre as igrejas não-católicas mais importantes do país estão a Igreja da Luz do Mundo (1,5 milhão de fiéis), Testemunhas de Jeová (600 mil), cultos presbiterianos (cerca de 900 mil) e os mórmons (900 mil).
A situação que o papa verá no país tem paralelos com a que encontrou no Brasil em 1997. Na ocasião, ele disse se preocupar com a perda de fiéis para as "seitas" cristãs (referência aos evangélicos).
Segundo dados de 97 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a Igreja Católica perde 600 mil fiéis por ano, grande parte deles para grupos evangélicos. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que havia 4,8 milhões de evangélicos no Brasil em 1980. Esse número já teria ultrapassado os 18 milhões.
O sociólogo mexicano Roberto Blancarte diz que o crescimento dessas práticas religiosas se dá em maior escala em regiões fronteiriças do México.
Ao norte, há a influência de igrejas dos EUA, fortalecida pelo movimento de milhões de mexicanos que cruzam a fronteira para trabalhar em solo norte-americano.
Ao sul, na Província de Chiapas, é forte a presença de presbiterianos, adventistas e testemunhas de Jeová. Cerca de 40% da população dessa região, área de atuação da guerrilha indígena zapatista, se define como não-católica.
O antropólogo Elio Masferrer, coordenador da Subsecretaria de Assuntos Religiosos, aponta algumas razões para a expansão do protestantismo mexicano.
Segundo ele, muitos acham a oferta de salvação dos católicos "muito flexível". Os outros grupos têm visão mais agressiva do pecado e conseguem levar os fiéis a deixar o álcool, o adultério ou a prostituição. Masferrer diz também que a Igreja Católica trabalha com multidões, enquanto a relação evangélica entre pastores e fiéis é mais pessoal.
A convivência entre católicos e evangélicos é complicada em algumas partes do país. Em Chiapas, alguns povoados já foram afetados pela expulsão de católicos por evangélicos, e vice-versa.
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Colaborou a Redação


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